sexta, 29 de março de 2024
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Moody’s melhora perspectiva de crédito da Vale após definição sobre Brumadinho

02 setembro 2019 - 19h12Por Angelo Pavini
A Moody’s América Latina alterou a perspectiva para as notas de crédito da Vale de negativa para estável. Ao mesmo tempo, a agência afirmou os ratings corporativos (“CFR”, em inglês) Ba1 (escala global) e Aaa.br (escala nacional) da Vale e os ratings Ba1/Aaa.br de suas debêntures de infraestrutura). Segundo a Moody’s, a alteração da perspectiva de negativa para estável é baseada na maior visibilidade em relação aos custos e passivos financeiros que a Vale incorrerá devido ao acidente com a barragem de rejeitos na mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, em Minas Gerais. Consequentemente, a Vale provisionou um total de US$ 6 bilhões no primeiro semestre de 2019, que engloba ações para recuperação socioeconômica e ambiental das áreas afetadas pelo acidente e que serão desembolsados principalmente durante o período de 2019 a 2021. Tendo em vista que a Vale continua a gerar fluxos de caixa livre positivos, a agência não prevê qualquer impacto significativo na liquidez e alavancagem da companhia. O retorno gradual das operações que foram suspensas após o acidente é também uma consideração para a perspectiva estável. Das 93 milhões de toneladas de minério de ferro perdidas ou cuja produção foi suspensa após o colapso da barragem, cerca de 42 milhões de toneladas foram recuperadas, a produção de 20 milhões de toneladas pode ser retomada gradualmente no final de 2019/início de 2020 e as 30 milhões de toneladas restantes relacionadas ao descomissionamento de barragens de rejeitos poderão ser retomadas em cerca de 2 a 3 anos. Os ratings Ba1 da Vale continuam tendo o suporte da diversificada base de produtos da companhia e da posição de custos baixos, além do portfólio robusto de ativos com reservas de longa duração de minério de ferro, níquel, cobre e carvão. A ampliação do perfil de produção com o projeto S11D, em Carajás, e a significativa redução nos níveis de endividamento ao longo dos últimos anos são fatores importantes para os ratings Ba1, que melhor posicionam a Vale a lidar com a volatilidade nos preços de seus principais produtos, diz a Moody’s. Apesar de todos os desembolsos relacionados ao colapso da barragem, a Vale foi capaz de manter uma adequada posição de liquidez, com US$ 6 bilhões em caixa e US5 bilhões em linhas de crédito rotativo no fim de junho de 2019, totalizando US$ 15,8 bilhões, valor semelhante ao nível de endividamento registrado no fim de dezembro de 2018 (US$ 15,5 bilhões). Os ratings são limitados pelas implicações do acidente em Brumadinho, principalmente da perspectiva ambiental, social e de governança. A agência espera mudanças significativas e um maior acompanhamento sobre as práticas de governança corporativa da companhia com um forte foco estratégico na segurança e excelência operacional. À medida que essas iniciativas forem implementadas, a agência espera ver evidências de mais rigorosa gestão de risco e supervisão de todas as operações. Além disso, a Vale continua exposta aos fundamentos de mercado do minério de ferro e metais-base e ao passivo contingente relativo a Samarco. Uma elevação os ratings da Vale exigirá evidência de aprimoramentos significativos da supervisão da governança corporativa, da gestão de riscos e controle da companhia, gradual normalização da produção, e que não haja nenhuma provisão adicional ou desembolsos materiais relacionados ao acidente. Uma elevação também dependerá de resultados positivos relacionados às ações judiciais e investigações, em conjunto com a manutenção de um sólido perfil de crédito, liquidez e geração de fluxo de caixa livre positivo, tendo suporte em sua posição de liderança nos principais mercados de atuação e operações de baixo custo. Os ratings da Vale podem, porém, ser rebaixados se os custos finais relacionados ao desastre em Brumadinho ficarem materialmente acima das expectativas por conta de penalidades, acordos, litígios e ações coletivas de valores mais elevados ou se as operações não forem completamente retomadas no prazo esperado, afetando a geração de fluxo de caixa livre. Os ratings ou a perspectiva também podem sofrer pressão negativa se as condições para o minério de ferro e os metais-base piorarem levando a uma rentabilidade menor com níveis de alavancagem em direção a 3 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda). Uma deterioração acentuada na posição de liquidez da companhia também pode levar a um rebaixamento, diz a Moody’s. O post Moody’s melhora perspectiva para nota de crédito da Vale após definição de perdas com tragédia de Brumadinho apareceu primeiro em Arena do Pavini.