sexta, 29 de março de 2024
Varejo

Família Klein retoma controle de Via Varejo com compra de participação de GPA

12 junho 2019 - 11h04Por Investing.com
A novela sobre a venda da participação do Grupo Pão de Açúcar (PCAR4) na Via Varejo (VVAR3) se encerra na manhã desta terça-feira. Em fato relevante, o GPA informa que recebeu via carta de oferta de compra de, no máximo, R$ 4,75 por ação do empresário Michel Klein e parceiros para os 36,27% de controle que detém na varejista cujas marcas principais são Casas Bahia e Ponto Frio. A execução de compra da fatia do GPA na Via Varejo vai ocorrer via leilão na B3 com preço mínimo de R$ 4,75 por ação, com Klein e parceiros apresentando uma ou mais ordens de compra dos papéis. A venda foi aprovada pelo Conselho de Administração do GPA na noite de ontem. Os parceiros de Klein na aquisição ainda não foram divulgados. Os papéis da Via Varejo apresentaram valorização nas últimas semanas com a especulação sobre venda. Na sessão de ontem, as ações encerraram negociadas a R$ 5,00. Os bastidores até a venda A edição de ontem do jornal Valor Econômico informou que Klein havia se encontrado com representantes da Starboard e Apollo Global Management na última sexta-feira. Apesar de destacar que as conversas eram preliminares e as duas interessadas haviam se reunido anteriormente com XP Asset Management - que também estaria nas conversas de aquisição -, as fontes ouvidas pelo jornal avaliavam que as negociações eram preliminares. Na segunda-feira, a coluna de Lauro Jardim, de O Globo, noticiou que a XP poderia colocar R$ 2,3 bilhões no negócio. O Valor informou que o objetivo da gestora pertencente a uma das principais corretoras do país era ter no máximo 5% do controle da varejista, subindo os 2% que detém atualmente. Quer investir na ação da Centauro? Abra uma conta na XP Investimentosonline, rápido e grátis. As etapas da venda Houve muita especulação sobre potenciais compradores da Via Varejo desde que GPA demonstrou interesse em se desfazer suas posições na varejista. Boatos veiculados na imprensa nacional diziam de interesse desde as Lojas Americanas (LAME4) até a Amazon (AMZN). No caso do marketplace americano, a Via Varejo era vista como porta de entrada, pois a Amazon não tinha infraestrutura para iniciar suas operações no Brasil em escala semelhante à sua presença no mercado americano. O comprador acabou sendo um velho conhecido. Além de especulações, o Conselho da Via Varejo aprovou modificação do estatuto da companhia para facilitar a saída do GPA. A famosa "pílula do veneno" foi retirada do estatuto. A cláusula condicionava a compra de participação acima de 20% da Via Varejo a uma oferta aos demais acionistas minoritários no prazo de até 60 dias. Sem ela, não foi preciso que as condições fossem estendidas e que poderia ser recebida de forma negativa pelo mercado. Porém, no caso da companhia, o interesse é que ela fosse vendida para voltar a trazer resultados com a saída do atual controlador. A estratégia de Klein Para viabilizar a operação, o empresário contou com a assessoria da XP Asset Management, que teve a missão de atrair investidores para a operação. A imprensa noticiou que o objetivo do empresário era montar uma estrutura societária em que fundos entrariam com recursos para a compra da companhia, com o empresário participando de forma marginal. O objetivo era fazer com que as ações do GPA na Via Varejo fossem pulverizadas para não configurar uma troca de controle da varejista. O desafio de Klein para viabilizar a operação era o chamado “tag along”, que obrigaria o comprador a estender a oferta aos acionistas minoritários. No entanto, com a pulverização dos papéis do GPA, a família Klein poderia se tornar a acionista majoritária com seus 25% do capital e também defende que a companhia siga listada na bolsa. Klein se desfez de outros negócios O empresário Michael Klein vendeu no final de maio mais de 30 lojas, levantando cerca de R$ 400 milhões e se livrando de uma dívida de R$ 250 milhões carregada pelos ativos, de acordo com fontes a par da transação ouvidas pelo Brazil Journal. O fundo soberano de Cingapura (GIC), que já faz negócios com Klein e a HSI Investimentos, uma gestora de ativos imobiliários que já havia comprado dois ativos de Klein no início do ano por cerca de R$ 250 milhões, estavam entre os compradores destas lojas. Essa série de operações foi vista como uma forma que o empresário estava se preparando para uma oferta pela Via Varejo. Vistas em seu conjunto, as transações eram sinais claros de que Klein está levantando liquidez relevante para sua tão antecipada oferta pela Via Varejo Brazil Journal também havia destacado que Klein ainda poderia levantar dinheiro com a venda, em outubro, de um portfólio premium com cerca de 10 centros de distribuição com valor estimado em R$ 2 bilhões.