sábado, 20 de abril de 2024
Harvard

Elas levaram o Brasil para o pódio da competição de finanças de Harvard

06 maio 2020 - 12h52Por Carolina Unzelte
Quando Rafaele Aoyama, 23 anos, encontrou a chamada para Global Case Competition at Harvard no Google, já sabia quem ia chamar para encarar a empreitada com ela.  A estudante de administração da Faculdade de Economia e Administração da USP se juntou às colegas de curso Elis Cotosky e Stephanie Luft, além da Isabella Fonseca, de Economia.  Juntas, elas responderam à pergunta: a Amazon deveria comprar a Neflix? E o case ficou em segundo lugar, levando o Brasil para o pódio pela primeira vez na Harvard Business School.  "Eu já tinha trabalhado com as meninas em outras ocasiões e sabia que tinhamos características complementares", explica Rafaele. O edital da competição dava bastante espaço para a criatividade. "Apesar de 3 das 4 integrantes terem experiência no mercado financeiro, cada uma trazia um ponto diferente para a discussão", explica Stephanie .  A equipe, intitulada Hydras, defendeu que a aquisição não era estratégica para a Amazon, a partir de análises das empresas e do setor. Em apenas 3 semanas, entre estágio, aulas e uma pandemia, as meninas entregaram o case. "Foi um alívio quando terminamos", lembra Isabella. "Tivemos muitas ideias e não dava tempo de pôr tudo no papel".  Além do aprendizado pessoal de cada uma das estudantes, a competição renova o mercado e descobre novos talentos. "Trazer pessoas de fora das companhias para pensar empresas é o que traz inovação", diz Elis Cotosky. "Fazemos pesquisas menos enviesadas e trazemos novas soluções".  E os frutos para outras mulheres também entra na conta das comemorações. "Não quero só que mulheres jovens entrem no mercado financeiro, mas também se mantenham, alcançando altos cargos", explica Elis. Para as Hydras, o resultado na competição é um exemplo da capacidade feminina, ainda tão contestada no mundo dos negócios.  Entre 160 equipes, as brasileiras só ficaram atrás de um grupo da Shaheed Sukhdev College of Business Studies, da University of Delhi, na Índia. Mas, para além dos cases, pode ser que elas tenham vencido: o noticiário corporativo mostra que a gigante do Jeff Bezzos pode estar negociando aquisição de uma concorrente direta da empresa sugerida por Elis, Isabella, Rafaele e Stephanie. 

Os caminhos da vitória

A análise feita pelas jovens pode ser comparada à que muitos investidores fazem antes de decidir aplicações. Para isso, o grupo recomenda muita pesquisa. "Com informações, você faz perguntas e tem ideias", explica Rafaele.  O primeiro passo é destrinchar a página de relação com investidores, recomenda Isabella. "Faça um apanhado geral para depois se aprofundar em termos numéricos", diz. Além dos resultados trimestrais, é possível consultar diversos documentos sobre as linhas de negócio, por exemplo.  Apesar de muitos materiais serem mais fechados, e ficarem presos, por exemplo, no terminal da Bloomberg, como lembra Stephanie, há boas análises de especialistas disponíveis. "É um complemento que pode ajudar".