
O dólar voltou a ganhar força nesta sexta-feira (21), encerrando a semana em alta firme em meio à piora no cenário externo e ao movimento global de busca por proteção. A moeda chegou a R$ 5,4317 na máxima intradiária (+1,75%), o maior nível desde agosto, antes de ajustar para R$ 5,4015 no fechamento, também em forte alta de 1,18%. A disparada reflete, principalmente, a combinação entre queda das commodities, cautela com a economia chinesa e renovado debate sobre os juros nos Estados Unidos.
Pressão externa domina o mercado
Perto das 17h, o índice DXY — que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes — seguia em alta, reforçando o ambiente de valorização global da divisa americana. O avanço coincidiu com a expectativa de que o Federal Reserve mantenha juros elevados por mais tempo, movimento citado nas declarações de dirigentes, como o presidente do Fed de Nova York, John Williams, que ressaltou que o banco central ainda não pode “dar como certo” cortes de juros no curto prazo.
A escalada ocorreu mesmo após sessões de relativa calma, reacendendo a preocupação com a trajetória da política monetária americana após dados mistos da economia dos EUA.
Commodities enfraquecem e real sofre mais
O Brasil também foi afetado pela desvalorização das commodities metálicas e agrícolas, cenário que reduz o fluxo cambial favorável ao país. O minério de ferro para janeiro recuou 0,32%, a 785,50 yuans (US$ 110,43) por tonelada na Bolsa de Dalian. A queda da commodity intensificou a pressão sobre moedas de países exportadores, como o real.
No petróleo, o Brent perdeu 1,29%, cotado a US$ 85,56 em Londres, adicionando volatilidade ao mercado de câmbio.
Retirada de tarifas dos EUA movimenta o noticiário
A decisão dos Estados Unidos de suspender tarifas de 40% sobre mais de 200 produtos brasileiros também entrou no radar. O anúncio foi feito pelo presidente Donald Trump, e inclui itens que haviam voltado a ser taxados desde agosto.
Segundo cálculos do Goldman Sachs, esses produtos representam cerca de 10% das exportações brasileiras para os EUA. Para analistas, embora o alívio tarifário reduza custos para empresas exportadoras, o impacto imediato sobre o câmbio tende a ser limitado, dada a força da pressão internacional neste momento.
Juros americanos continuam como principal bússola
Com declarações recentes de dirigentes do Fed e projeções de inflação ainda acima do desejado, o mercado internacional voltou a ajustar apostas sobre o ritmo de cortes de juros nos EUA. A volatilidade ganhou força após falas do vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, e do diretor Brian Mester, indicando que a instituição ainda precisa de “mais evidências” antes de iniciar o ciclo de afrouxamento.
O quadro reforça a leitura de que a taxa básica americana pode permanecer elevada por mais tempo, o que segue favorecendo o dólar globalmente.
Semana termina com real pressionado
Com os números desta sexta-feira, o dólar acumulou alta de 1,97% na semana, resultado da combinação entre incerteza internacional, queda de commodities e expectativa sobre os próximos passos do Fed. Para operadores do mercado, o câmbio deve continuar reagindo ao noticiário econômico dos EUA, enquanto investidores aguardam novos indicadores de atividade e inflação na próxima semana.