terça, 23 de abril de 2024
SpaceDica

CDB e Tesouro Direto. Entenda por que eles são a bola da vez

Títulos podem trazer maior segurança à carteira e até melhor rentabilidade ao acompanhar o movimento da inflação

21 outubro 2021 - 19h37Por Tatiane Calixto

No curto prazo, ao que tudo indica, a inflação não dará trégua, o que faz com que o mercado aponte para alta atrás de alta na taxa básica de juros, a Selic. A situação traz preocupação para a economia do país, porém, vira os holofotes dos investidores para os títulos de renda fixa, tornando-os mais atrativos. Isso acontece porque esses investimentos podem trazer maior segurança à carteira e passam a rentabilizar mais ao acompanhar o movimento da inflação e dos juros.

Na última segunda-feira (18), dados do Boletim Focus apontaram a vigésima oitava alta consecutiva para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, chegando a 8,69% para este ano.

O boletim reúne a estimativa de mais de 100 instituições do mercado financeiro para os principais indicadores econômicos. Para a Selic, principal ferramenta de controle inflacionário, a estimativa é de que a taxa termine 2021 em 8,25% ao ano, chegando a 8,75% a.a. em 2022.

Dentro desse cenário, as opções de renda fixa que trazem títulos indexados à inflação podem ser uma boa alternativa para proteger o capital contra oscilações ao longo do tempo,agarrados aos movimentos de alta da inflação, como o atual. 

Por outro lado, os prefixados possuem uma rentabilidade conhecida no momento da aplicação, ou seja, o investidor sabe exatamente quanto vai receber ao final da aplicação, garantindo maior previsibilidade e planejamento.

Kalinin Fernandes de Souza Filho, assessor de investimentos da Blue3, afirma que a renda fixa é a classe de ativos que o brasileiro mais estava acostumado a investir. 

"Em determinado momento econômico, vimos inflação e juros mais baixos, o que pegou muitos  de surpresa e fez com que os brasileiros migrassem para outros investimentos como os de renda variável".

Agora, retomando patamares econômicos que já vivemos, a renda fixa volta a ser interessante. E quando o assunto é esse, a poupança é, talvez, o investimento mais conhecido. Porém, nem de longe o mais vantajoso.
 
" (A poupança) pode ser considerada o patinho feio dos investimentos. Embora tenha liquidez diária, a rentabilidade só é registrada no aniversário, o que pode fazer você deixar seu dinheiro 29 dias parado e não receber nada. No caso de outras opções, é possível garantir juros diários", explica Souza Filho.

Por isso, pensar nos CDBs e no Tesouro Direto, por exemplo, pode ser uma dica para os mais conservadores que ainda enxergam a poupança como único investimento seguro e também para quem quer se proteger do cenário que mistura inflação e juros altos.

CDB

Souza Filho explica que ao investir em um Certificado de Depósito Bancário (CDB), é como se o investidor estivesse emprestando dinheiro para o banco que, depois, devolve com juros.

O CDB tem tributação de Imposto de Renda e IOF e a liquidez depende do título: pode ter carência até a data do resgate ou opções com liquidez diária.

"Nos grandes bancos, a rentabilidade não é tão atrativa. Mas quando se alonga o prazo do investimento a rentabilidade começa a melhorar", considera o assessor da Blue3.

Por outro lado, instituições menores oferecem rentabilidade melhor, mas é importante estar atento. Afinal, não se "empresta" dinheiro para qualquer um. Por isso, é bom observar a saúde financeira da instituição da qual se contrata um CDB. Mas existem algumas ferramentas que facilitam essa análise.

De acordo com Souza Filho, uma delas é verificar o rating da instituição. O termo é uma classificação referente à análise de risco econômico feita por empresas especializadas. Quanto maior a nota, menor os riscos para o investidor.

Outra ferramenta é o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O fundo protege o investidor, devolvendo o valor investido caso haja algum problema com a instituição. Mas atenção! O teto para esse ressarcimento é de R$ 250 mil. Por isso, vale a pena não colocar valores maiores que isso investidos em uma única instituição. 

Opções

Na hora de definir o CDB, o investidor tem opção de pós-fixado, que é atrelado à inflação, e os pré-fixados que já têm uma taxa definida no momento da contratação.  "Neste momento, é interessante ter um investimento que proteja contra a alta da inflação. Com o pré-fixado, você corre o risco de ter um título rendendo menos do que poderia", aconselha Souza Filho.

Tesouro

O Tesouro é bem equivalente ao CDB, mas neste caso, você está emprestando dinheiro para o Governo que, depois, também devolve com juros. Mas ao contrário do CDB que tem diversas opções no mercado, no caso do Tesouro elas são menores. Mas a boa notícia, é que os valores iniciais de investimento são bem mais acessíveis.

No Tesouro, também é possível escolher entre opções atreladas a indicadores diferentes. Conforme Souza Filho, há título prefixado, com taxas de juros definidas no momento da contratação, e também atrelados  à Selic ou ao IPCA.

Perder dinheiro na renda fixa?

Apesar de ser considerado um investimento seguro e de baixo risco, é possível perder dinheiro investindo em renda fixa, alerta Souza Filho.
 
Isso pode ocorrer caso haja um resgate antecipado de um título. O assessor da Blue3 explica que entre a data de contratação e o vencimento do título, o preço pode variar conforme o cenário econômico.

No caso de título prefixados ou híbridos, o valor de face de um título (valor investido somado à rentabilidade), ou seja, quanto ele valerá no seu vencimento não se altera. Mas mudanças na taxa de juro, liquidez e na expectativa econômica podem fazer com que o valor que esse título custa hoje, também chamado de preço unitário, acabe sofrendo variações.

Assim, é possível que você resgate o valor em um momento no qual as condições econômicas são piores do que na contratação, fazendo com que você receba menos do que investiu. Agora, é importante lembrar que isso nunca acontece se o título for resgatado na data do vencimento.

Dicas

Para Souza Filho, o ideal quando o cliente for contratar um investimento de renda fixa é não olhar tanto a taxa de rendimento, mas o quanto ele pode deixar o dinheiro investido, sem mexer. 

"Na verdade, a palavra-chave é planejamento. Qual seu objetivo? Quanto você pode investir? Por quanto tempo esse dinheiro pode ficar investido? E, a partir daí, procurar as opções no mercado".