
O ex-presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (27) que o episódio envolvendo o Banco Master não representa um risco sistêmico para o setor financeiro brasileiro. Em entrevista à GloboNews, ele classificou o problema como “pontual” e destacou que a autoridade monetária tem atuado de forma técnica e adequada para preservar a estabilidade do sistema.
“Há um consenso de que não existe risco sistêmico. O que há é um risco de imagem, e é importante preservar a credibilidade do sistema financeiro”, disse Campos Neto.
Operação e contexto do caso
O Banco Master, instituição de médio porte, enfrenta dificuldades financeiras e tenta se reestruturar após a reprovação, pelo Banco Central, da proposta de aquisição feita pelo Banco de Brasília (BRB). O negócio foi vetado por falta de viabilidade econômica, o que forçou o Master a buscar alternativas de capitalização.
A avaliação de Campos Neto ocorre em meio a um ambiente de maior vigilância regulatória sobre instituições financeiras menores e fintechs. Nos últimos meses, o Banco Central intensificou fiscalizações e ações de supervisão para conter possíveis irregularidades e proteger os depositantes.
Fintechs sob investigação
Campos Neto também comentou as investigações da Operação Carbono Oculto, que apura a infiltração de organizações criminosas em empresas do setor financeiro. Segundo ele, o foco das autoridades é garantir a integridade do sistema, sem estigmatizar o segmento de fintechs.
“Não é um problema das fintechs, é um problema do sistema financeiro como um todo”, afirmou. Ele ressaltou que, das 1.728 fintechs em operação no Brasil, apenas um número reduzido apresentou indícios de irregularidades.
Setor financeiro em alerta
O caso reacendeu o debate sobre a solidez das instituições médias e o papel do Banco Central na prevenção de riscos. Analistas avaliam que o episódio reforça a importância da regulação prudencial e da rápida resposta das autoridades para evitar contágio entre bancos de tamanhos diferentes.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) também se manifestou recentemente, destacando que tanto bancos tradicionais quanto fintechs têm o dever de impedir a abertura e manutenção de contas fraudulentas — um dos principais vetores de risco para o sistema.