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Bolsonaro diz que vai procurar países ricos para ajudar a explorar a Amazônia

29 julho 2019 - 10h02Por Angelo Pavini
Em resposta a questionamentos de países europeus sobre a gestão das riquezas naturais da Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro disse ontem (27), durante cerimônia de formatura de paraquedistas no Rio de Janeiro, que busca parcerias “no primeiro mundo” e, em especial com os Estados Unidos, para a exploração do território amazônico brasileiro. “O senhor presidente da França [Emmanuel Macron], a senhora Merkel [chanceler da Alemanha] queriam que eu voltasse para cá [depois da reunião do G20], demarcando mais 30 reservas indígenas, ampliando reservas ambientais. Isso é um crime. Só de reserva indígena já temos 14% tomados aqui no Brasil. Na Reserva Ianomâmi, são 9 mil índios e tem o dobro do estado do Rio de Janeiro. É justo isso? Terra riquíssima. Se junta com Raposa Serra do Sol é um absurdo o que temos de reservas minerais ali. Estou procurando o primeiro mundo para explorar essas áreas em parceria e agregando valor. Por isso, a minha aproximação com os Estados Unidos”, disse Bolsonaro. Durante o discurso, na cerimônia de formatura, o presidente já havia abordado o assunto. “O Brasil é nosso. A Amazônia é nossa. A Presidência é do povo brasileiro. Povo esse ao qual devo lealdade absoluta”, disse, ao reafirmar que está cumprindo promessa feita durante a campanha eleitoral, de “colocar o Brasil no local destaque que ele merece. É declarar nossa verdadeira independência, e é lutar para o bem de todos”, finalizou.

Índios denunciam morte de cacique por garimpeiros no Amapá

Índios denunciaram às autoridades públicas que garimpeiros invadiram a Terra Indígena Waiãpi, no oeste do Amapá, e que um cacique foi morto durante a invasão. Segundo relatos, os garimpeiros estavam acampados no interior da reserva. O Conselho das Aldeias Waiãpi-Apina disse, em nota, que o cacique Emyra Waiãpi foi morto de forma violenta na última segunda-feira (22) na aldeia Waseity. No entanto, a morte do líder não foi testemunhada por nenhum índio da etnia e só foi percebida na manhã de terça-feira. De acordo com a entidade, na sexta-feira (26), moradores da aldeia Yvytotô se depararam com um grupo de índios não armados e avisaram as demais aldeias pelo rádio. À noite, os invasores entraram na aldeia e se instalaram em uma das casas, ameaçandos os índios, que fugiram para outras aldeias da região.

Funai envia equipe

Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que acionou as autoridades competentes assim que soube da ocorrência, no sábado (27). O órgão indigenista, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, deslocou uma equipe para o local, considerado de difícil acesso. Equipes da Polícia Federal (PF) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar do Amapá, também estão na região para apurar o ocorrido. Ontem mesmo, a Procuradoria do Ministério Público Federal (MPF) no estado instaurou uma investigação criminal para apurar a morte do indígena Waiãpi. Procuradores já pediram à PF informações a respeito das denúncias de invasão à terra indígena e sobre as providências já adotadas para “evitar o agravamento do conflito”. “Não é possível afirmar com certeza o que ocorreu até agora”, disse o procurador da República Rodolfo Lopes. Em vídeo divulgado ontem nas redes sociais pela prefeita de Pedra Branca do Amapari, Beth Pelaes (PMDB), o coordenador indígena do município Kurani Waiãpi relata que, segundo os Waiãpi, ao menos 50 garimpeiros fortemente armados estavam acampados já há alguns dias próximo à aldeia Mariry, no interior da terra indígena. De acordo com a prefeita, os garimpeiros mataram um dos líderes indígenas da etnia na quarta-feira.

Frente manifesta preocupação

Em nota, a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas manifestou preocupação com o ataque e a invasão ao território indígena. “Reiteramos a obrigação do Estado brasileiro garantir o direito dos povos indígenas de terem medidas que evitem a prática constante contra a vida e os seus bens e de proteção devida diante da grave violação dos seus direitos, com a repressão e punição dos responsáveis”, destacou a frente parlamentar. Também em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirmou esperar que os órgãos e autoridades públicas tomem medidas urgentes, estruturantes e isentas politicamente, para identificar e punir, na forma da lei, os responsáveis pelo ataque aos Waiãpi.

Demarcação foi definida em 1996

A demarcação da Terra Indígena Waiãpi foi homologada em 1996, por meio de um decreto presidencial assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. A terra mede pouco mais de 607 mil hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, às medidas oficiais de um campo de futebol oficial), espalhados pelo território de três municípios: Laranjal do Jari, Mazagão,Pedra Branca do Amapari. As informações são da Agência Brasil. O post Bolsonaro diz que vai procurar países ricos para ajudar a explorar a Amazônia; índios denunciam morte de cacique por garimpeiros no Amapá apareceu primeiro em Arena do Pavini.