O Banco Central (BC) quer preparar o sistema financeiro para as mudanças tecnológicas que devem modificar a forma como as pessoas lidam com dinheiro. Quer também fazer com que o sistema contribua mais para o crescimento do país e com a inclusão dos cidadãos. Hoje, graças aos avanços e à redução do custo proporcionado pela tecnologia, o sistema financeiro produz, manipula, guarda e interpreta uma quantidade muito maior de dados. “Dessa forma, o mercado financeiro está se tornando uma grande indústria de dados, e o BC tem de estar preparado para isso”, afirma Roberto Campos Neto, presidente do banco.
Ele quer ainda aproveitar para criar condições para tornar o real brasileiro uma moeda conversível, ou seja, que possa ser livremente negociada no exterior, o que exigirá uma liberação maior das transações e fluxos cambiais.
O banco anunciou hoje a Agenda BC com as prioridades para este ano. As linhas principais são chamadas processo 4D: Democratizar, Digitalizar, Desburocratizar e Desmonetizar. E, para isso, será preciso dominar novas ferramentas, tais como blockchain, serviços de nuvem, inteligência artificial e digitalização, explicou Campos Neto.
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Ao mesmo tempo, a premissa é que vai haver uma diminuição do setor público e aumento do setor privado no financiamento da economia brasileira. Ele citou a importância do mercado de capitais nesse processo de incentivar o crescimento da economia, o que deve levar a ações conjuntas entre o Ministério da Economia, o BC, a Comissão de Valores Mobiliários, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) e outros órgãos, que devem ser anunciadas semana que vem. Segundo Campos Neto, a ideia é promover uma grande simplificação e abertura de mercado para pequenas empresas e estrangeiros. “Há uma parte de simplificar o hedge de longo prazo, que é muito complicado no Brasil”, diz Campos Neto. Hoje, é preciso pagar imposto sobre os ganhos com o hedge, mas não é possível compensar com as perdas no ano seguinte, e isso aumenta o custo dos projetos. “Para algumas empresas que fazem projetos no Brasil, estar denominado em dólar obriga a mudar a classificação de risco do projeto inteiro”, diz. E não poder fazer o hedge pode tornar o projeto inviável. A Agenda BC foi reformulada e estruturada em quatro dimensões: Inclusão, Competitividade, Transparência e Educação Financeira. Na inclusão, o objetivo é nesse processo de democratização incluir mais pessoas no sistema financeiro. Isso se dará com ações como incentivo ao cooperativismo, como a permissão ao empréstimo sindicalizado, o depósito Interfinanceiro Cooperativo, que vai permitir empréstimos entre cooperativas e outros sistemas e a captação de poupança por cooperativas singulares, uso de Fundos Constitucionais como forma de financiamento, realização de assembleias por meios digitais, permissão das centrais exercerem intervenção em cooperativas singulares, bem como de confederações em centrais e aprimoramento da governança e ampliação do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop). Haverá ainda uma meta de desenvolvimento regional com base nesse trabalho.