sábado, 20 de abril de 2024
Hawkish

Ata do Copom reforça visão de Selic elevada por mais tempo

Esta é a avaliação de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, que interpretou um tom hawkish na ata do Copom divulgada nesta terça (14)

14 dezembro 2021 - 17h32Por Investing.com

Por Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com - A ata do Copom divulgada nesta terça-feira (14) pelo Banco Central teve um tom mais hawkish - termo usado em referência à postura que um Banco Central adota quando existe a intenção de aumentar ou manter elevadas as taxas de juros do país -, em relação ao comunicado após a reunião na última quarta-feira. Esta é a avaliação de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

A interpretação se baseia no trecho em que o Comitê afirma que “comparou cenários envolvendo ritmos de ajuste maiores do que o de 1,50 ponto percentual com cenários em que a taxa de juros permanece elevada por período mais longo do que a implícita no cenário básico."

Isso significa, segundo Bank of America (BofA), que há uma intenção de deixar as taxas mais altas do que o esperado no cenário básico, mas que o ritmo de alta de 150 bps é adequado para conseguir a convergência da inflação para a meta e trazer o ancoramento das expectativas.

O BofA não acredita muito no tom rigoroso do Copom e espera que a alta nos juros seja de 100 bps em fevereiro e 50 bps em março, levando a Selic a 10,75% no final do 1T22. Isso porque a deterioração da atividade econômica deve continuar pressionando o Banco Central a desacelerar o ritmo do aperto monetário.

Por outro lado, o especialista da Ativa acredita que o Comitê deve continuar aumentando a Selic em 150 bps até o fim do primeiro trimestre de 2022, quando a taxa deve alcançar os 12,25% ao ano. A possibilidade é que esse valor seja mantido até o final do próximo ano, com os cortes iniciando apenas em 2023.

O Itaú (SA:ITUB4) também espera uma tendência de alta mais forte nos juros, interpretando que a ata do Copom sugere uma Selic na casa dos 12%. Ainda assim, a previsão do banco é que o 1T21 termine com um juros a 11,75% a.a., mas o Itaú não descarta um resultado ainda mais elevado, uma vez que o arcabouço fiscal do país eleva o prêmio de risco e a desancoragem da inflação.

Por outro lado, o Itaú destaca que o Comitê reconhece a possibilidade de que uma eventual queda nos preços das commodities no mercado internacional tenha como consequência uma redução na trajetória da inflação no país, mas ainda é muito cedo para prever a extensão desse movimento.