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Agenda Econômica

29 de novembro a 3 de dezembro: fique por dentro dos assuntos relevantes da semana

Dias prometem ser intensos, com promessa de volatilidade nos mercados financeiros globais

29 novembro 2021 - 08h36Por Investing.com

Por Noreen Burke e Leandro Manzoni, da Investing.com - A semana será intensa e promessa de volatilidade nos mercados financeiros globais.

A descoberta de uma nova variante do coronavírus, a bateria de indicadores econômicos nos EUA, zona do euro e Brasil e a tramitação da PEC dos Precatórios no Senado brasileiro vão agitar os próximos cinco dias de pregão.

A Covid-19 está de volta ao topo da agenda dos investidores, com o receio de que a nova variante ômicron possa paralisar a recuperação econômica global após quase dois anos de pandemia.

A nova cepa também pode lançar dúvidas sobre a rapidez com que o Federal Reserve (Fed) reduzirá o estímulo monetário a fim de combater a inflação crescente.

Neste contexto, o relatório de empregos nos EUA de sexta-feira e a fala do Presidente do Fed, Jerome Powell, e da Secretária do Tesouro, Janet Yellen, na terça-feira, serão observados com atenção.

Os preços do petróleo estarão em foco às vésperas da reunião da OPEP+ na quinta-feira. Enquanto isso, os dados sobre a inflação na zona do euro de terça-feira estarão em destaque, diante da tão esperada reunião de dezembro do Banco Central Europeu.

No Brasil, as atenções estão voltadas para os índices de inflação, contas públicas e o resultado do PIB do terceiro trimestre do ano.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana.

1. Nova onda de pandemia?

Os três principais índices de Wall Street tropeçaram na sexta-feira após reabrirem na sequência do feriado de Ação de Graças de quinta-feira, com ações dos setores de energia, finanças e viagens sofrendo o impacto das vendas desencadeadas pela descoberta da nova cepa do coronavírus.

Embora pouco se saiba sobre a nova variante detectada pela primeira vez na África do Sul, os cientistas disseram que ela possui um elevado número de mutações, as quais podem torná-la resistente às vacinas e capaz de se transmitir com mais facilidade que a variante delta.

"Os mercados estavam comemorando o fim da pandemia. Bum. Não acabou", David Kotok, presidente e diretor de investimentos da Cumberland Advisors, disse à Reuters.

"Todas as questões políticas, ou seja, política monetária, trajetórias de negócios, estimativas de crescimento do PIB, recuperação de lazer e hospitalidade, a lista continua, tudo entrou em espera".

Antes da sexta-feira, os investidores estavam animados com a força da recuperação econômica em meio à ampla disponibilidade de vacinas e avanços nos tratamentos, apesar dos receios com o aumento constante da inflação.

2. Payroll nos EUA e falas de Powell e Yellen

Um relatório robusto sobre os postos de trabalho de novembro poderia salientar o argumento em defesa de que o Fed acelere a redução do seu programa de estímulo de US$ 120 bilhões por mês na sua próxima reunião, em meados de dezembro.

Mas uma nova onda da pandemia poderia colocar esses planos em dúvida.

As preocupações com a inflação em espiral, junto com os sinais de uma recuperação econômica acelerada, tinham feito com que os investidores começasse a precificar uma redução mais rápida e aumentos de taxas de juros mais próximos.

Espera-se que o relatório de folhas de pagamento não agrícolas de sexta-feira para o mês de novembro demonstre que a economia acrescentou 550.000 postos de trabalho, fazendo a taxa de desemprego cair ligeiramente, para 4,5%.

O calendário econômico da semana que vem também apresenta os índices do Institute for Supply Management de manufatura e serviços, além dos dados sobre vendas pendentes de imóveis residenciais, confiança do consumidor e o Livro Bege do Fed.

No Congresso dos EUA, o presidente do Fed, Jerome Powell, recém-nomeado para um segundo mandato pelo presidente Joe Biden, deve falar a respeito da Lei CARES, o programa de estímulo do banco central da época da pandemia, diante do Comitê de Bancos do Senado, em Washington, na terça-feira. Janet Yellen, Secretária do Tesouro, também deve testemunhar.

Uma audiência semelhante será realizada na quarta-feira perante o Comitê Financeiro da Câmara. Os investidores estarão em busca de novos insights sobre a perspectiva de recuperação econômica em meio às novas incertezas da pandemia.

3. Hora H da PEC dos Precatórios

Após a leitura do relatório da PEC dos Precatórios pelo relator da matéria, senador Fernando Bezerra (MDB-PE) na última quarta-feira (24), o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) concedeu vistas coletiva de 5 dias, agendando a votação na comissão para a próxima terça-feira (30).

Segundo levantamento da Necton Research, 11 dos 27 senadores que compõem a CCJ estão sem posição definida, enquanto 6 senadores são favoráveis à PEC e 10 contrários. O governo está negociando com PSD, com 4 senadores na Comissão e 11 no Senado, para angariar apoio da legenda.

É necessária maioria simples para que a PEC seja aprovada e encaminhada para o plenário do Senado.

O texto na CCJ sofreu modificações em relação ao aprovado na Câmara dos Deputados, como a transformação do Auxílio Brasil em programa permanente e condicionado ao espaço fiscal aberto pela correção do Teto de Gastos, além da retirada da exigência de fonte de financiamento do programa.

O texto também vincula o aumento do espaço fiscal à ampliação de programas sociais de combate à pobreza e à miséria, e gastos com saúde, previdência e assistência social.

4. Bateria de dados econômicos no Brasil

Os investidores estarão monitorando o enxame de dados econômicos sobre a economia brasileira. São indicadores relacionados à inflação, atividade econômica e mercado de trabalho.

Na segunda-feira (29), será conhecido o IGP-M de novembro, com projeção de alta de 0,21% dos economistas de mercado, o que seria uma desaceleração à alta de 0,64% no mês anterior. No mesmo dia, divulgação do Boletim Focus, cada vez mais relevante por apresentar possíveis caminhos para a política monetária do Banco Central.

Dados do mercado de trabalho são os destaques da terça-feira.

O Ministério do Trabalho vai apresentar, com atraso, os dados do Caged na terça-feira, enquanto o IBGE divulga a taxa de desemprego. No mesmo dia, indicadores das contas públicas serão apresentados pelo Ministério da Economia, como endividamento e balanço orçamentário.

Na quarta-feira, o dia é reservado para dados de inflação ao produtor (IPP) de outubro, como também o PMI Industrial da Markit e a balança comercial, ambos de novembro.

O Produto Interno Bruto será o destaque na quinta-feira. A expectativa é de avanço de 0,1% em relação ao trimestre anterior e de 4,2% na base anual.

O PIB do segundo trimestre recuou 0,2% ante o primeiro trimestre, enquanto avançou 12,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

No mesmo dia, será conhecido o IPC-Fipe de novembro, índice de inflação da cidade de São Paulo.

Por fim, sexta-feira é reservado para produção industrial de outubro, PMI Composto da Markit e o de Serviços de novembro.

5. Perspectivas de demanda de petróleo e inflação da zona do euro

Os preços do petróleo caíram US$ 10 por barril na sexta-feira, sua maior queda em um dia desde abril de 2020, depois que as notícias sobre a nova variante ômicron fizeram os países se apressarem para restringir as viagens, aumentando as preocupações de um possível excesso de fornecimento no primeiro trimestre.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEP+) tem reunião marcada na quinta-feira, após a decisão da semana passada dos EUA e outros governos de liberarem o petróleo de reservas estratégicas em uma tentativa de reduzir os preços da gasolina.

De sua parte, a OPEP+ tem se agarrado a aumentos de produção mensais de 400.000 barris por dia (bpd) desde agosto, apesar dos apelos para incrementar a produção a fim de reduzir os preços do petróleo.

"A avaliação inicial da OPEP da liberação coordenada (das reservas) e o surgimento repentino de uma nova variante do coronavírus levantam sérias preocupações sobre o crescimento econômico e o equilíbrio do petróleo nos próximos meses", disse à Reuters Tamas Varga, analista da PVM.

Já a zona do euro vai divulgar dados da inflação para novembro na terça-feira. A inflação dos preços ao consumidor atingiu 4,1% em outubro, a mais alta em 13 anos, e a expectativa é que ela se mantenha bem acima da meta de 2% do BCE para o próximo ano.

Alemanha, Espanha e França devem divulgar os números do IPC na segunda e terça-feira.

Com o aumento da inflação, o BCE enfrenta apelos renovados para apertar a política monetária, mas com a Europa combatendo um novo surto do coronavírus e a notícia de uma nova cepa, os economistas favoráveis a uma política mais relaxada têm mais munição para fazer recuar aqueles que defendem o encerramento antecipado do estímulo.

A expectativa é que o BCE eleve sua previsão de inflação para 2022 na reunião de dezembro.

Os investidores também esperam que o BCE anuncie que o seu programa de compra de ativos da era da pandemia será encerrado em março, ao mesmo tempo que intensificará o seu programa de compra de títulos mais duradouro para compensar o corte ao estímulo.

- Com informações de Reuters.