PIX

PIX, o novo cavalo de Troia

3 NOV 2020 • POR Renata Abalém • 14h56

Cassandra foi uma mulher incompreendida. Devota de Apolo, que lhe ensinou os segredos da profecia, ela se recusou a deitar-se com ele e foi amaldiçoada com o descrédito. Assim, mesmo que profetizasse, ninguém acreditava nela. Todos a consideravam louca.

Ser louca, na família de Cassandra, não deve ter sido fácil. Com dezoito irmãos, entre eles o guerreiro Heitor e o inconsequente Páris, por mais que falasse do perigo que corriam com os gregos, por anos às suas portas, de nada adiantava.

Os troianos se julgavam invencíveis até que a guerra acabou. Os gregos foram vistos nos seus navios a caminho de casa, deixando um imenso cavalo de madeira às portas da cidade, um despojo que, por certo, os troianos usariam como sacrifício a qualquer Deus.

Cassandra implorou ao pai Príamo, o Rei, que destruísse o cavalo gigante porque, mesmo com os gregos já em alto mar, só via desgraça e tragédia à sua frente. Não foi ouvida. E aí Homero conta o resto, brindando a humanidade com uma Odisseia contada e recontada por muitas e muitas gerações.

Certo é que o cavalo de Troia está para nós, milhares de anos à frente da lenda, como um símbolo do perigo que nós mesmos convidamos para entrar dentro de casa. Estejamos atentos, o mito sempre se repete, em maior ou menor grau de tragédia. E o menor grau pode ser um simples aplicativo.