Dívida bruta

Dívida bruta do governo deverá encerrar o ano em 96% do PIB

30 OUT 2020 • POR Agência Brasil • 16h21

Os gastos extras para o enfrentamento da pandemia da covid-19 levarão a um desafio fiscal para o governo brasileiro nos próximos anos. A dívida bruta do governo geral (DBGG), principal indicador usado nas comparações internacionais, encerrará 2020 em 96% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país), divulgou hoje (30) a Secretaria Especial de Fazenda do Ministério da Economia.

Isso representa crescimento de 20,2 pontos percentuais em relação a 2019, quando a DBGG encerrou o ano em 75,8% do PIB. O endividamento também aumentou em relação à projeção anterior, divulgada no fim de setembro, quando a equipe econômica previa que a dívida bruta terminaria 2020 em 93,9% do PIB.

Mais cedo, o Banco Central divulgou que a DBGG tinha chegado a 90,6% do PIB em setembro.

A DBGG é o principal indicador usado nas comparações internacionais de endividamento. De acordo com a Secretaria Especial de Fazenda, o Brasil encerraria o ano com dívida bruta próxima da Argentina (98,1% do PIB), que tem nota CCC+ atribuída pelas agências de classificação de risco.

Entre países de economia média, o Brasil está mais endividado que a África do Sul, que deverá encerrar 2020 com dívida bruta de 82,8% do PIB. Os dois países têm nota BB- das agências de classificação de risco e estão enquadrados numa categoria melhor que a Argentina.

As projeções para a dívida pública levaram em conta as estimativas das instituições financeiras divulgadas no boletim Focus, do Banco Central, em 19 de outubro: encolhimento de 5% do PIB neste ano, inflação de 2,6% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e déficit primário de 12,7% do PIB em 2020. A taxa Selic (juros básicos da economia) começaria 2021 em 2% ao ano e subiria gradualmente para 6% ao ano até 2024.

Por meio da dívida pública, o governo pega dinheiro emprestado dos investidores para honrar compromissos. Em troca, compromete-se a devolver, no vencimento dos títulos, o dinheiro com alguma correção, que pode seguir os juros básicos, a inflação, o câmbio ou ser prefixada (definida com antecedência). Por causa da pandemia da covid-19, o governo aumentou as emissões de títulos públicos para fazer frente a gastos como o auxílio emergencial e o pacote de ajuda aos estados e municípios.