
Após uma forte escalada em 2025, o mercado de prata entra em uma nova fase de debate. Com valorização acumulada de cerca de 126% no ano, quase o dobro do avanço do ouro no mesmo período, o metal precioso passou a levantar alertas sobre excesso de euforia e risco de correção no curto e médio prazo .
O movimento colocou a prata entre os ativos de melhor desempenho global em 2025, impulsionada por uma combinação de juros mais baixos, inflação resistente, enfraquecimento do dólar, tensões geopolíticas e demanda industrial robusta, especialmente ligada aos setores de energia solar e veículos elétricos.
Alta acelerada levanta sinais de sobrecompra
Apesar do pano de fundo estrutural favorável, a velocidade da alta chama atenção. Indicadores técnicos mostram que a prata se aproxima de níveis historicamente associados a sobrecompra, o que costuma anteceder períodos de acomodação ou correções mais pronunciadas.
Além disso, episódios de escassez física do metal ao longo de 2025 contribuíram para picos abruptos de preço, intensificando movimentos especulativos no mercado futuro.
Historicamente, ciclos em que a prata registra ganhos superiores a 100% em um único ano tendem a ser seguidos por retornos mais fracos ou até negativos no período seguinte, segundo séries de longo prazo do próprio mercado de commodities.

Fundamentos seguem relevantes, mas ritmo pode mudar
No curto prazo, o principal debate não gira em torno do fim da tese estrutural da prata, mas sim do timing. A leitura predominante é que parte relevante das boas notícias já foi precificada, o que reduz o espaço para novas altas expressivas sem uma pausa no movimento.
Com isso, cresce a avaliação de que realizações parciais de lucro podem ganhar força, especialmente entre investidores que entraram antes do rali mais recente.
ETFs ganham protagonismo no acesso ao metal
Nesse contexto, os ETFs de prata seguem como uma das principais portas de entrada para investidores que buscam exposição ao metal sem lidar com questões logísticas ou custos do mercado físico.
Segundo Fábio Murad, CEO da SpaceMoney, o momento exige disciplina:
“Quando um ativo sobe mais de 100% em um único ano, o investidor precisa separar convicção de euforia. Realizar parte do lucro não é abandonar a tese, é gestão de risco.”
Murad também destaca o papel dos fundos negociados em bolsa:
“Os ETFs permitem ajustar exposição com muito mais eficiência. Em ciclos de alta acelerada, eles são ferramentas importantes para rebalancear a carteira sem decisões emocionais.”
O que observar daqui para frente
Para os próximos meses, o mercado deve acompanhar de perto:
- A evolução da demanda industrial, especialmente ligada à transição energética
- O comportamento do dólar e dos juros globais
- Sinais de arrefecimento técnico após a forte valorização
A combinação desses fatores deve definir se a prata consolida níveis elevados ou passa por uma correção mais ampla antes de um novo ciclo direcional.