Ação esquecida dispara dividendos

PagBank mira quase 20% em dividendos e desafia gigantes da bolsa

PagBank surpreende com promessa de dividendos de até 20%, desafiando gigantes da bolsa.

Moedas e cédulas brasileiras ilustram os dividendos projetados pela PagBank.
PagBank projeta expansão de crédito e pagamento recorde de dividendos.

O poder dos dividendos como estratégia

Dividendos são uma das formas mais sólidas de o investidor obter renda passiva e previsível no mercado de ações. No Brasil, essa prática é tradicionalmente associada a empresas como Petrobras, Vale, bancos e elétricas. No entanto, uma companhia considerada “esquecida” pelos investidores está surpreendendo ao projetar um retorno de quase 20% nos próximos anos: a PagBank (PAGS34).

A administração da empresa reforçou sua estratégia em teleconferência recente, destacando planos ambiciosos que combinam crescimento do crédito e aumento da distribuição de dividendos. Para 2026, a companhia já se comprometeu a pagar R$ 1,4 bilhão, além de R$ 400 milhões no segundo semestre de 2025. Isso coloca a PagBank no radar de investidores atentos a oportunidades de alto retorno.

Dividendos como renda recorrente

Dividendos não devem ser vistos apenas como bônus, mas como parte da estratégia de longo prazo do investidor. John Bogle, fundador da Vanguard e pai dos fundos de índice, sempre reforçou que a soma entre lucros reinvestidos e dividendos é o motor real da valorização no mercado de ações. Ao mesmo tempo, para o investidor brasileiro, eles representam uma forma de proteger o patrimônio contra inflação e incerteza local.

A lógica do retorno

Quando calculados todos os pagamentos, a PagBank poderá somar R$ 2,9 bilhões em dividendos até 2026, resultando em um rendimento estimado de 18%. É um número que rivaliza com os campeões da bolsa e, por si só, redefine a forma como o mercado enxerga empresas de tecnologia financeira. Isso porque, além do crescimento, o investidor passa a ter a previsibilidade de fluxo de caixa — algo cada vez mais valorizado em tempos de volatilidade global.


Estratégia agressiva de crédito

A empresa não está focada apenas em dividendos. Para 2029, a PagBank pretende alcançar uma carteira de crédito de R$ 25 bilhões. O plano inclui a ampliação de linhas como cheque especial, capital de giro e até novos produtos, como crédito consignado privado e financiamentos via Pix.

Esse movimento posiciona a fintech como concorrente direta dos bancos tradicionais, que historicamente foram os grandes pagadores de dividendos no Brasil. O BTG Pactual, que acompanha de perto a companhia, ressalta que a execução será desafiadora, mas o potencial de crescimento pode justificar uma reavaliação positiva do mercado.

O paralelo com os ETFs globais

Segundo Fábio Murad, CEO da SpaceMoney, “o investidor não pode depender apenas de dividendos no Brasil para alcançar independência financeira. É preciso diversificar em moeda forte e construir renda recorrente também em dólar”. Essa visão complementa o caso PagBank: mesmo que haja retornos expressivos localmente, a dolarização de parte da carteira continua essencial.


O ambiente competitivo e os dividendos

O setor de pagamentos viveu, nos últimos anos, a chamada “guerra das maquininhas”. Empresas lutaram por fatias de mercado com margens estreitas e crescimento acelerado. Hoje, esse cenário cede espaço à consolidação e a modelos de negócios mais sustentáveis, nos quais dividendos entram como diferencial.

A PagBank aposta que, com o crescimento do volume de transações (TPV), sua receita virá não só de taxas, mas também de uma expansão agressiva no setor bancário. O banco projeta CAGR de quase 10% nos próximos cinco anos, sinalizando que pode se tornar um player mais robusto, capaz de equilibrar crescimento e retorno ao acionista.

Dividendos como disciplina financeira

Dividendos obrigam empresas a manter disciplina no uso do caixa. Segundo Bogle, companhias que distribuem dividendos consistentes tendem a apresentar maior comprometimento com a criação de valor no longo prazo. Isso explica por que empresas maduras e sólidas preferem manter programas robustos de proventos: trata-se de confiança na própria saúde financeira.


A recomendação de compra e o preço-alvo

Combinando dividendos crescentes, expansão do crédito e valuation considerado atrativo (6,4 vezes o P/L projetado para 2026), o BTG recomenda compra para as ações da PagBank. O preço-alvo foi estabelecido em US$ 14, sinalizando espaço relevante de valorização.

A comparação com concorrentes

Apesar da alta de 75% em dólares no acumulado do ano, a PagBank ainda está atrás da Stone, que valorizou 146% no mesmo período. Isso pode significar oportunidade: um desconto relativo que, somado ao pagamento de dividendos generosos, torna a ação atrativa para investidores que buscam tanto valorização quanto renda passiva.


O investidor e a visão de longo prazo

Para o investidor, a lição é clara: dividendos não podem ser ignorados. Eles representam um componente essencial do retorno total e ajudam a suavizar oscilações de mercado. John Bogle reforça que, ao longo de décadas, mais da metade do retorno das ações vem dos dividendos.

Fábio Murad acrescenta que depender apenas de dividendos locais é arriscado: “O verdadeiro investidor precisa pensar globalmente. Dividendos no Brasil são relevantes, mas diversificar com ETFs internacionais que também distribuem proventos é o caminho mais seguro para viver de renda”.

Assim, a estratégia do investidor moderno deve combinar empresas nacionais que pagam gordos dividendos com ativos globais que gerem fluxo de caixa em moeda forte. É dessa união que nasce a verdadeira liberdade financeira.