A iniciativa por parte do governo federal de tributar os dividendos que as empresas distribuem aos acionistas periodicamente é um erro e presta um desserviço ao mercado de capitais, segundo o economista Volnei Eyng, CEO da Multiplike.
“Atualmente as empresas já são tributadas com uma carga que alcança os 34%. Assim, uma empresa que fatura R$ 600 mil, por exemplo, poderia chegar a R$ 1 milhão sem esse ‘peso’ todo sobre si. Então, nessa ilustração, uma empresa que paga 10% em dividendos estaria distribuindo R$ 60 mil, mas sem essa carga os dividendos alcançariam R$ 100 mil”, explica.
Eyng ressalta que, caso o governo leve adiante essa ideia, poderá transformar o investidor em um especulador. "O mercado de capitais brasileiro precisa se desenvolver e atrair novos participantes, mas iniciativas como esta acabam servindo de empecilho para o setor", destaca.
O executivou acrescentou ainda que essa é uma discussão recorrente do governo porque ganha cenário populista. A gestora Equus Capital tem uma opinião semelhante em relação ao novo imposto.
“A tributação de dividendos é uma realidade no mundo todo. Tal tributação é boa do ponto de vista da justiça social, mas ela precisa ser acompanhada por uma compensação para a empresa e consequentemente ao empresário ou acionista, caso contrário fica desbalanceado e dificulta ainda mais empreender e investir no Brasil. Sem entender a contrapartida da tributação de dividendos, fica difícil ser a favor neste momento”, afirma Paulo Merotti, sócio da Equus Capital.
O mercado financeiro debate o tema após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarar, na última terça-feira (23), que, em sua opinião, quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda. O presidente falou em entrevista à rádio Metrópole da Bahia.