Cenário futurista digital simbolizando o avanço dos ETFs de cripto e da tecnologia blockchain no mercado financeiro global
Relatório da Coinbase aponta liquidações recordes; ETFs de cripto ganham espaço

O colapso que redesenhou o mês de “Voltober”

O mês de outubro, apelidado pela Coinbase de “Voltober”, começou com um evento que redefiniu o humor do mercado: mais de US$ 19 bilhões em posições alavancadas foram liquidadas em um único movimento.

O gatilho, aparentemente político — um tuíte de Donald Trump anunciando tarifas de 100% sobre importações chinesas —, encontrou um sistema cripto superalavancado, com risco escondido em derivativos e liquidez fragmentada entre exchanges.

Segundo o relatório da Coinbase Institutional, a alavancagem sistêmica caiu de quase 7% para menos de 4%, um dos maiores ajustes já registrados. Esse “flush” limpou o excesso especulativo, mas deixou o investidor em dúvida sobre o timing de uma retomada.

“Esse tipo de evento mostra que a cripto, por si só, ainda é um mercado imaturo. Quando a estrutura se rompe, o varejo é o primeiro a perder. É por isso que prefiro trabalhar com ETFs de cripto, que permitem exposição sem a insanidade das exchanges”, comenta Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF.


Liquidez frágil e interconexão perigosa

De acordo com a Coinbase, a liquidação em cascata foi agravada por um efeito dominó entre altcoins, stablecoins e derivativos. A plataforma observou que moedas como SUI e USDe despencaram antes mesmo do colapso total — sinal de que a liquidez havia evaporado.

“O episódio da USDe na Binance não foi um problema de solvência, mas um colapso de liquidez local”, afirma o relatório.
“A reprecificação acelerada e a ausência de market makers aprofundaram a queda e ampliaram as margens de liquidação.”

Esse comportamento — em que a falta de liquidez se transforma em pânico — reforça o argumento de Murad: o investidor comum não precisa estar exposto ao caos direto da cripto.

“A beleza dos ETFs é que eles são auditados, têm liquidez institucional e funcionam sob regras claras. Você acessa o potencial de valorização da cripto sem precisar enfrentar a selvageria da alavancagem”, explica.


O retorno da privacidade: o caso Zcash

O relatório dedica uma seção inteira ao ressurgimento do Zcash (ZEC), criptomoeda voltada à privacidade que tem ganhado espaço com o endurecimento regulatório na Europa (MiCA) e com a demanda crescente por transações confidenciais.

A Coinbase identificou uma combinação de fatores que impulsionou o ativo:

  • redução da oferta com a aproximação do halving de novembro de 2025;
  • melhorias na experiência do usuário com a carteira Zashi, que facilita transações “shielded”;
  • e o avanço de on-ramps institucionais, como fundos da Grayscale voltados a investidores qualificados.

“Zcash é um caso interessante porque mostra o amadurecimento da tecnologia. Mas, para o investidor racional, é mais sensato acessar esse movimento via ETFs de privacidade ou infraestrutura blockchain, que replicam a tese sem precisar correr o risco do ativo direto”, avalia Murad.


[Gráfico 1 — Systemic Leverage Ratio: de 7% para 4%]

Fonte: Coinbase

[Gráfico 2 — Zcash Shielded Transactions 2025]

Fonte: Coinbase

ETFs de cripto: eficiência, liquidez e estratégia

Os ETFs de cripto listados nos Estados Unidos — como BITO (Bitcoin Futures ETF) e WGMI (Infraestrutura Blockchain) — transformaram a forma de investir em ativos digitais.
Eles replicam o desempenho de índices e futuros de cripto, permitindo diversificação, liquidez e transparência — três pilares que Fábio Murad considera indispensáveis em qualquer portfólio global.

“O investidor inteligente não precisa ser um ‘crypto trader’. Ele pode ter exposição a Bitcoin, Ethereum ou até ao setor de mineração usando ETFs regulados, com custódia segura e governança americana”, afirma.

Além da segurança, Murad destaca que os ETFs permitem operações com opções, abrindo espaço para estratégias de covered call — ferramenta que transforma volatilidade em renda.

“Com ETFs como o BITO ou o WGMI, é possível vender calls semanais e gerar fluxo de caixa recorrente em dólar. Você participa do mercado de cripto, mas com o risco travado e renda passiva — é o equilíbrio entre inovação e prudência”, explica.

Essa abordagem reflete o núcleo do método Super ETF: usar derivativos apenas como complemento de gestão de risco e renda, e não como alavancagem.


[Gráfico 3 — Fluxo líquido de ETFs de Cripto (7 dias)]

Fonte: Coinbase

Do caos à estratégia: o investidor racional emerge

A Coinbase observa que, após o evento de liquidação, as taxas de financiamento de derivativos recuaram e os traders voltaram a operar com mais cautela, sugerindo que o mercado pode estar entrando em uma fase de reacumulação estrutural.
Isso coincide com o momento em que ETFs e instrumentos institucionais começam a absorver parte da liquidez perdida nas exchanges.

Murad vê nisso um sinal claro de maturação:

“Os ETFs estão para o mercado cripto como o S&P 500 esteve para o mercado de ações nos anos 70: uma revolução silenciosa. Eles trazem método, previsibilidade e acesso a quem antes só tinha especulação. O investidor que entende isso sai do cassino e entra na estratégia.”


O futuro é regulado e rentável

O “Voltober” ficará marcado como o mês em que a alavancagem deu lugar à racionalidade.
Com a expansão dos ETFs de cripto e o uso crescente de estratégias de covered call, o investidor global tem à disposição ferramentas que unem tecnologia e disciplina.

“A volatilidade da cripto é uma dádiva para quem sabe operar com método. O segredo é transformar risco em renda. E os ETFs são o veículo ideal para isso”, conclui Fábio Murad.