
O mercado de criptomoedas voltou a registrar forte tensão nesta sexta-feira (21). O Bitcoin rompeu o nível de US$ 83 mil e renovou o menor valor desde abril, ampliando a aversão ao risco no setor. O recuo ocorreu em meio ao aumento das liquidações no mercado futuro e à deterioração do sentimento global, fatores que já reduziram em quase US$ 1,5 trilhão o valor de mercado das criptos desde o pico de outubro.
Forte liquidação e impacto amplo
As perdas do Bitcoin superaram 10% em 24 horas e acumularam queda de mais de 23% em 30 dias. Dados do mercado apontam para um avanço das liquidações de posições alavancadas, que somaram cerca de US$ 2 bilhões desde a véspera e reforçaram o movimento de vendas iniciado no início de outubro, quando outros US$ 19 bilhões foram zerados. O efeito acabou contaminando os principais ativos digitais: Ethereum caiu para perto de US$ 2,6 mil, XRP recuou quase 10%, BNB perdeu mais de 9%, Solana caiu acima de 10%, Dogecoin registrou baixa de 11% e Cardano recuou 13,5%. Apenas Zcash mostrou estabilidade, enquanto Bitcoin Cash teve queda mais moderada.
Pressão institucional e resgates em ETFs
O ambiente institucional também pesou sobre o mercado. ETFs de Bitcoin negociados nos Estados Unidos tiveram saídas de US$ 903 milhões na quinta-feira, o segundo maior volume desde o lançamento desses produtos em 2024. Paralelamente, o interesse por contratos perpétuos de BTC caiu cerca de 35% em relação ao pico de outubro, indicando redução no apetite por posições de risco. Esses fatores ampliaram a volatilidade e reforçaram a leitura de fragilidade no curto prazo.
Aversão ao risco global e dados econômicos
A queda das criptomoedas coincidiu com um dia negativo para as bolsas americanas. O S&P 500 fechou em baixa de 1,6% e o Nasdaq recuou 2,4%, enquanto o índice VIX saltou 12%, sinalizando maior incerteza. A turbulência ocorreu mesmo após resultados corporativos considerados sólidos no setor de tecnologia, que vieram abaixo das expectativas mais otimistas do mercado. A preocupação aumentou com a divulgação de que o setor privado dos EUA criou 119 mil vagas em setembro — número muito superior às 50 mil previstas —, reduzindo as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve em dezembro. Com isso, futuros americanos voltaram a subir nesta manhã, mas o cenário segue dominado pela cautela.