Carolina Senna critica percepção de risco, mas defende governança da Cemig (CMIG4)
A head de Relações com Investidores da Cemig (CMIG4), Carolina Senna, comparou o desafio de ser estatal a “correr com um saco de areia nas costas”. Para ela, companhias controladas pelo governo carregam um estigma que afeta a reação do mercado — especialmente entre estrangeiros —, embora a companhia mineira tenha aprimorado suas práticas de governança.
“A ação nem sempre reage da mesma forma”
Em evento do AGF Day, Senna afirmou que, por ser estatal, o papel “às vezes não reage ou responde da mesma forma” quando comparado a empresas privadas. Segundo a executiva, a origem da desconfiança está, sobretudo, no risco político embutido percebido por investidores internacionais.
Governança: Lei das Estatais e políticas internas como blindagem
Carolina Senna destacou que a Lei 13.303 e o próprio arcabouço de estatuto e políticas internas reforçam a governança não só da Cemig, mas das estatais em geral. A mensagem é clara: é possível entregar resultado sem precisar ser privatizada.
Negócios regulados e foco em Minas Gerais
A executiva frisou que a Cemig mantém foco em negócios regulados em Minas Gerais e que “o que importa é a população mineira”, independentemente de quem esteja no controle acionário do Estado.
Privatização ou federalização? O que está sobre a mesa
O BNDES iniciou a elaboração de laudos de avaliação de valor justo das participações do Estado em Cemig e Copasa (CSMG3). O governo mineiro, porém, afirma que os estudos são não vinculantes, isto é, não há decisão tomada sobre transferência de controle.
Sinalizações em eventos com investidores
Relatório do Itaú BBA apontou que, em reuniões recentes, o governo de Minas reafirmou a intenção de privatizar a Copasa e federalizar a Cemig após transformá-la em sociedade por ações. O vice-governador teria detalhado projetos de lei e uma PEC enviados à ALMG. Uma federalização integral, nas condições atuais, exigiria aporte da União por conta de direitos de tag along e antecipação de dívidas.
Efeito no ajuste fiscal
De acordo com as regras do PROPAG, um eventual aporte com esse desenho seria descontado do valor de mercado da companhia e poderia atuar como fator negativo para a meta do Estado de reduzir sua dívida.
O que acompanhar daqui em diante
- Tramitação na ALMG de projetos relativos à mudança societária.
- Laudos do BNDES e eventuais desdobramentos sobre controle.
- Resposta do mercado à comunicação da companhia e do governo, sobretudo entre investidores estrangeiros.