Em risco?

Cogna (COGN3) performa bem no 4° tri, mas não agrada; ações despencam e BTG não recomenda compra - entenda

Banco vê cenário de risco para o setor em que a empresa atua e destaca que números positivos podem ser insustentáveis no futuro

Cogna - COGN3
Foto: montagem/JC-SM

A Cogna (COGN3) apresentou um desempenho acima das expectativas no quarto trimestre de 2024, impulsionado por reversões de provisões e eficiência operacional, mas não foi o suficiente para agradar investidores. As ações da companhia registram baixas nesta quinta-feira (13). Por volta das 12:10, os papéis caíam 1,74% a R$ 1,69.

Isso porque, apesar dos ganhos no período, analistas como os do BTG Pactual alertam que eles podem não se repetir com a mesma intensidade nos próximos trimestres.

A empresa reportou uma receita líquida de R$ 2,16 bilhões, um crescimento de 13% na comparação anual.

O EBITDA (lucro antes juros e amortizações) ajustado alcançou R$ 812 milhões, um aumento expressivo de 47% em relação ao mesmo período de 2023, ficando 9% acima das projeções do BTG.

No entanto, os resultados contábeis foram significativamente impactados por reversões de contingências no valor de R$ 246 milhões, o que impulsionou diversos indicadores financeiros.

“Reconhecemos as melhorias obtidas pela Cogna nos últimos trimestres, mas precisamos avaliar até que ponto esses resultados são sustentáveis”, pontua o BTG.

“Muitos dos fatores que beneficiaram os números de 2024, como reversões de provisões e ganhos em disputas tributárias, podem não se repetir com a mesma magnitude.”

A Kroton, principal unidade de negócios da Cogna, também apresentou forte crescimento, com EBITDA ajustado de R$ 327 milhões, um aumento de 55% na comparação anual.

O desempenho foi favorecido pelo crescimento da base de alunos no ensino a distância e na Kroton Med, além de um ajuste contábil que elevou a receita em R$ 80 milhões.

Outro destaque foi a redução do endividamento. A Cogna conseguiu reduzir sua dívida líquida em 6% no trimestre, encerrando o período com R$ 2,8 bilhões.

A empresa também confirmou o pagamento de R$ 121 milhões em dividendos, correspondente ao mínimo regulatório de 25% do lucro líquido.

Apesar dos avanços, o BTG Pactual manteve sua classificação “neutra” para as ações COGN3, com preço-alvo de R$ 1,65.

“Ainda vemos riscos no cenário macroeconômico, que pode impactar o setor educacional. Uma eventual desaceleração da atividade econômica, aliada a uma inflação mais alta, poderia trazer desafios adicionais”, alertam os analistas.