O BTG Pactual reforçou sua recomendação ‘neutra’ para as ações tanto da CSN (CSNA3) quanto da sua subsidiária CSN Mineração (CMIN3), após observar desafios no balanço do 4° trimestre que causam preocupações.
No caso da CSN, o principal ponto de atenção é a falta de clareza sobre a velocidade do processo de desalavancagem.
“Estamos mantendo nossa classificação neutra para CSN e CMIN devido a preocupações com a alocação de capital e à falta de visibilidade sobre o ritmo de desalavancagem”, afirma o BTG.
Apesar disso, ambas as ações das companhias operam em disparada nesta quinta-feira (13). Por volta das 11:10, os papéis CSNA3 subia 7,91% a R$ 9,14, enquanto CMIN3 avançava 8,71% a R$ 5,74.
Essa elevação na cotação das ações acontece graças ao EBTIDA (lucro antes juros e amortizações) registrado pelas empresas no período, que vieram bem acima do esperado.
“O mercado deve receber bem essas melhorias operacionais, mas uma mudança significativa no sentimento e na avaliação provavelmente exigirá progresso na desalavancagem, que ainda está ausente”, comenta o BTG.
Como foi o balanço da CSN no 4° trimestre?
A holding CSN (CSNA3) teve um prejuízo líquido de R$ 85 milhões no quarto trimestre de 2024, uma melhora significativa de 110% em relação ao mesmo período de 2023, quando o prejuízo foi mais expressivo.
No EBTIDA (lucro antes juros e amortizações), a empresa atingiu R$ 3,3 bilhões, 46% superior ao trimestre anterior e 17% acima das estimativas do BTG.
O BTG Pactual encarou esses resultados como robustos.
O EBITDA do segmento de aço alcançou R$ 656 milhões, com margem de 10,6%, retornando ao patamar de dois dígitos pela primeira vez em um longo período.
O bom resultado foi impulsionado pela queda nos preços das matérias-primas e pelo controle mais rígido de custos. “As melhorias sequenciais foram principalmente devido à redução dos preços de matérias-primas”, ressaltou o banco.
No entanto, o BTG alerta que, apesar da melhoria operacional, a CSN continua enfrentando desafios em sua estrutura de capital.
O fluxo de caixa livre (FCF) permaneceu negativo no trimestre, com a alavancagem ainda elevada em 3,49x, um fator que segue como ponto de atenção para investidores.
“Apesar da evolução operacional, a CSN continua queimando caixa, reportando FCF negativo no trimestre e progresso limitado no balanço patrimonial”, pontuou o banco.
Como foi o balanço financeiro da CSN Mineração?
A CSN Mineração (CMIN3) também reportou resultados expressivos, com um EBITDA de R$ 2 bilhões, 32% acima das projeções do BTG Pactual e um crescimento de 77% em relação ao trimestre anterior.
Esse desempenho foi atribuído ao aumento de 36% no preço médio do minério de ferro e à redução de despesas não recorrentes.
“O resultado acima do esperado foi amplamente impulsionado por três fatores: volumes 4% acima, preços realizados 18% superiores e o impacto de despesas não recorrentes”, explica o BTG.
Outro destaque positivo foi a geração de fluxo de caixa livre de R$ 212 milhões, mesmo com um aumento de 39% nos investimentos em capital (capex), que totalizaram R$ 659 milhões. Essa performance alivia as preocupações do mercado em relação à sustentabilidade financeira da empresa.
“É positivo ver alguma geração de FCF, apesar do maior capex”, conclui o banco.
Apesar disso, o atraso na execução de projetos e a avaliação considerada elevada em relação aos concorrentes (6,5x EV/EBITDA 2025) justificam a postura mais cautelosa do BTG ao manter recomendação neutra.
“Embora reconheçamos as melhorias operacionais da companhia, mantemos nossa recomendação neutra devido ao ambiente macro desafiador e à execução atrasada de projetos”, destaca o BTG.