Banco do Brasil ganha novo impulso com revisão do Citi
O Banco do Brasil (BBAS3) voltou ao centro das atenções do mercado após o Citi elevar sua recomendação de neutra para compra, revisando também o preço-alvo de R$ 22 para R$ 29 — um potencial de alta de 33% em relação ao último fechamento. A decisão foi motivada por dois fatores principais: o alívio esperado com medidas governamentais e a percepção de que os riscos negativos já estão precificados.
Para os investidores, esse movimento sinaliza não apenas confiança no Banco do Brasil, mas também uma oportunidade de exposição a um ativo consolidado no setor bancário nacional. Como lembra John Bogle, “o verdadeiro investidor deve olhar para os fundamentos de longo prazo das empresas”.
Medidas do governo favorecem o Banco do Brasil
Renegociação de dívidas no agronegócio
No início de setembro, o governo anunciou um pacote de estímulos que impacta diretamente o Banco do Brasil. Entre eles, a liberação de R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas de produtores rurais afetados por questões climáticas.
Flexibilização do crédito
Além disso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou mudanças que flexibilizam os critérios de cura de créditos em atraso, o que deve reduzir provisões e melhorar a qualidade dos ativos do banco. Essas medidas podem diminuir o custo de risco da instituição até 2026.
Perspectiva de capital mais sólido
Outro ponto relevante é a expectativa de uma base de capital mais ampla. Segundo o Citi, essa condição dá ao Banco do Brasil espaço para crescer de forma consistente, mantendo sua solidez financeira mesmo diante de volatilidades econômicas.
Assimetria de riscos e avaliação atrativa
Negativos já precificados
O Citi destaca que a assimetria de riscos pesa a favor do Banco do Brasil. Fatores como a pressão sobre pequenas e médias empresas, responsáveis por 11% da carteira de crédito, já estão amplamente refletidos no preço da ação.
Lucro projetado para 2026
Os analistas estimam que o Banco do Brasil alcance R$ 29,3 bilhões em lucro líquido em 2026, número 9% acima do consenso de mercado. Esse crescimento seria viabilizado por uma normalização no custo de risco e maior eficiência no provisionamento.
Fundo de lucratividade no 3T25
O terceiro trimestre de 2025 é visto como o “ponto de virada” para a lucratividade do Banco do Brasil. As provisões devem ficar em torno de R$ 16 bilhões, levemente acima do trimestre anterior, mas já indicando estabilização.
O olhar do investidor de longo prazo
A lição de John Bogle
Segundo Bogle, fundador da Vanguard e defensor dos fundos de índice, investidores devem evitar especulação de curto prazo e focar no acúmulo de resultados consistentes. O Banco do Brasil, como uma das maiores instituições financeiras do país, representa exatamente esse tipo de empresa que entrega dividendos regulares e se beneficia do crescimento da economia real.
A visão de Fábio Murad
Fábio Murad, CEO da SpaceMoney, reforça que o investidor precisa enxergar além das oscilações momentâneas. “O Banco do Brasil é uma peça fundamental no mercado, mas o investidor deve sempre pensar na diversificação global como proteção contra riscos locais”.
Oportunidades e riscos para os acionistas
Cenário otimista
O impacto positivo das medidas regulatórias pode gerar receitas adicionais, ampliar a base de capital e melhorar o provisionamento do Banco do Brasil. Isso se traduz em maior previsibilidade e confiança para os acionistas.
Principais riscos
No entanto, o Citi alerta para duas incertezas:
- A adesão efetiva dos clientes aos programas de renegociação do governo.
- O desempenho do segmento de pequenas e médias empresas.
Ambos os fatores podem atrasar o ritmo de recuperação da lucratividade.
Perspectiva estratégica
Para o investidor que segue a filosofia de longo prazo de Bogle, esses riscos são parte do “ruído de curto prazo”. O essencial é que os fundamentos do Banco do Brasil permanecem sólidos, com potencial de valorização e geração de dividendos no futuro.