Ações da Bolsa

B3 sente juros altos, mas cortes da Selic podem destravar ações

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Fachada da B3 em São Paulo com destaque para cenário de juros altos e expectativa de cortes na Selic.
Sede da B3 em São Paulo; juros altos ainda pesam enquanto mercado aguarda cortes da Selic. (Fonte: ChatGPT)

A B3 (B3SA3) registrou sinais de fraqueza nos dados de agosto, em linha com o juro real elevado. Ainda assim, analistas veem espaço para melhora quando o ciclo de cortes da Selic começar. O Copom manteve a taxa básica em 15% e sinalizou possibilidade de redução no próximo semestre, o que pode reativar preços e volumes na Bolsa. A B3 também opera em renda fixa — debêntures, CRI e CRA — além de ações, derivativos e commodities.

Volumes em ações: alta mensal, queda na comparação anual

ADTV avança em agosto, mas segue abaixo de 2024

O volume médio diário no mercado à vista (ADTV) atingiu R$ 23 bilhões. O dado representa alta de 13,1% sobre julho, mas segue 14,6% abaixo de agosto de 2024. Considerando toda a renda variável, o ADTV ficou em R$ 24 bilhões (+13,3% mês a mês; -14,8% ano a ano).

Derivativos ainda pressionados

Nos derivativos, o volume médio diário caiu 23,9% na base anual. Em compensação, a receita média por contrato subiu 15,7% no ano e 6,9% frente a julho, amortecendo parte do impacto nos resultados.

BDRs, índices e base de investidores

Índice de ações e BDRs em foco

Os contratos de índice de ações cresceram 7,1% ante julho. Os BDRs somaram R$ 1 bilhão no ADTV, o terceiro melhor mês da série histórica.

Contas de custódia e cripto

A B3 encerrou agosto com 6,173 milhões de contas de custódia. Houve leve alta entre pessoas físicas e pequena queda entre institucionais. O valor de mercado das companhias listadas fechou em R$ 4,307 trilhões. Os futuros de cripto tiveram média diária de 748 mil negócios.

Renda fixa cresce com Selic alta

Novas emissões de renda fixa alcançaram R$ 1,699 trilhão no ano, puxadas por dívidas bancárias (+55,8% em 12 meses) e instrumentos ligados ao imobiliário (+40,9%). O estoque total chegou a R$ 8,465 trilhões, alta de 18,1% em 12 meses.

O que dizem XP e JPMorgan

A XP avalia que os números seguem pressionados pelo juro alto, mas o início de cortes pode fortalecer preços e negociação de ações nos próximos meses. O JPMorgan destaca que a B3 é a única bolsa verticalmente integrada e diversificada do País, com barreiras de entrada e forte geração de caixa, mas reconhece que volumes de ações ainda sofrem com a Selic. Reduções de juros tendem a beneficiar investidores alavancados, o setor de pagamentos e a própria B3.

Preço-alvo, recomendações e riscos

Recomendações

A XP mantém neutro para B3SA3, com preço-alvo de R$ 16, frente aos R$ 13,72 atuais, implicando potencial de +16,6%. O JPMorgan também está neutro, com preço-alvo de R$ 15 para dez/2026, baseado em projeções até 2034.

Premissas de custo de capital

As estimativas consideram WACC de 13,4% e custo do capital próprio (Ke) de 14,6%, com taxa livre de risco de 5,5%, prêmio de risco de mercado de 5,5%, risco-país de 3,0% e beta de 1,1.

Riscos e gatilhos

Riscos: concorrência maior em ações à vista, piora macro no Brasil e em emergentes e decisões desfavoráveis em disputas tributárias (amortização de ágio e outras). Gatilhos positivos: cortes de juros mais rápidos, reabertura do mercado de ofertas e decisões judiciais favoráveis — fatores que podem acelerar a recuperação de volumes e ganhos de eficiência na B3.

O que acompanhar daqui para frente

Receita por contrato: manutenção de eficiência em derivativos ajuda a amortecer volatilidade de volumes.

Copom e curva de juros: cortes confirmados tendem a reduzir custo de capital e favorecer múltiplos.

Fluxo e ADTV: sinais de retomada sustentada de volume no à vista e em derivativos.

Calendário de ofertas: reabertura de IPOs e follow-ons é vetor importante para a receita da B3.