
A semana marca o início da divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2025 (3T25) entre os grandes bancos brasileiros. O Santander (SANB11) abre a temporada antes da abertura do mercado nesta quarta-feira (29), seguido pelo Bradesco (BBDC4), que publica seu balanço após o fechamento. O Itaú (ITUB4) divulga seus números em 4 de novembro, e o Banco do Brasil (BBAS3) encerra o ciclo em 12 de novembro.
Esses resultados são aguardados como termômetro da economia brasileira — especialmente após um semestre de crescimento moderado no crédito e margens sob pressão.
Santander: estabilidade e desafios cambiais
O Santander deve repetir o desempenho do primeiro semestre, com crescimento contido na carteira expandida. A XP espera avanço leve em pessoas físicas, impulsionado por veículos e cartões de crédito, enquanto o agronegócio e os consignados seguem lentos.
O JPMorgan mantém recomendação positiva, mas com ressalvas sobre o ritmo de expansão do crédito. Já o Goldman Sachs alerta para o aumento do custo de risco e projeta lucro gerencial de R$ 3,8 bilhões, alta de 4% frente ao trimestre anterior, com retorno sobre o patrimônio (ROE) de 16,6%.
“O mercado bancário brasileiro vive um momento de transição: margens mais apertadas, crédito seletivo e clientes cada vez mais digitais. Os bancos que conseguirem combinar eficiência operacional com inovação financeira vão se destacar”, avalia Fábio Murad, CEO da SpaceMoney.
Bradesco: recuperação consolidada e foco no alto padrão
Depois de um período desafiador, o Bradesco mostra sinais consistentes de recuperação. A Genial projeta lucro recorrente de R$ 6,3 bilhões, alta de 21% ano a ano, com ROE de 14,6%. O banco segue enxugando agências e equipes, priorizando digitalização e clientes de alta renda.
A XP reforça a melhora gradual, com expansão do crédito para pequenas e médias empresas e desempenho sólido do braço de seguros. O Goldman Sachs prevê avanço trimestral de 4% nos lucros — o maior entre os pares — e elevou a recomendação da ação para neutra, com preço-alvo de R$ 17.
Banco do Brasil: pressão da inadimplência rural
Entre os grandes, o BB deve apresentar o balanço mais pressionado. A Genial projeta lucro líquido de R$ 3,4 bilhões, queda de 64% ante o mesmo período de 2024. O ROE deve cair para 7,4%, refletindo o aumento da inadimplência no crédito agrícola e as incertezas sobre medidas provisórias de renegociação de dívidas rurais.
Mesmo assim, há expectativa de melhora gradual no resultado de tesouraria, impulsionado pela redução no custo de captação.
Itaú: eficiência e digitalização à frente dos pares
O Itaú Unibanco deve mais uma vez liderar o setor em rentabilidade. O Goldman Sachs projeta ROE de 22,4% e índice de capital de 13,1%. A Genial prevê lucro de dois dígitos e foco crescente em eficiência, via redução de agências e monetização do Super App One Itaú, que já mostra tração entre clientes.
A XP vê o Itaú como o banco mais bem posicionado para capturar o ciclo de normalização do crédito, com destaque para PMEs e crédito imobiliário ainda acima da média.
“Enquanto o investidor comum busca retornos de curto prazo, os grandes bancos seguem o princípio que sempre funcionou nos mercados maduros: eficiência, escala e visão de longo prazo. É a mesma lógica que usamos ao investir via ETFs internacionais — menos ruído, mais consistência”, complementa Fábio Murad, citando seu método Super ETF.
Análise SpaceMoney: lucros sólidos, mas crescimento limitado
A temporada do 3T25 deve confirmar um setor bancário sólido, mas sem o dinamismo de ciclos anteriores. O ambiente de juros ainda altos e a competição de fintechs limitam margens, enquanto a digitalização força ganhos de eficiência.
Segundo Murad, esse movimento reforça a importância de diversificação global:
“O investidor precisa entender que o Brasil vive ciclos curtos. A verdadeira consistência vem de ativos internacionais, com fundamentos sólidos e fluxo previsível — o que os grandes bancos já praticam na gestão global de portfólio.”
Com lucros robustos, ajustes estratégicos e busca por eficiência, os bancões brasileiros seguem firmes, mas atentos a um cenário de rentabilidade mais seletiva. O Itaú mantém a dianteira, o Bradesco retoma o fôlego, o Santander enfrenta ventos contrários e o Banco do Brasil tenta atravessar a tempestade rural.