O mercado brasileiro encerrou esta sexta-feira (22) em forte alta, embalado pelas falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), durante o tradicional simpósio de Jackson Hole. O tom mais brando do dirigente reforçou as apostas de corte de juros nos Estados Unidos já em setembro, impulsionando o apetite por risco.
Rally no Ibovespa e alívio no câmbio
O Ibovespa saltou 2,57%, fechando aos 137.968 pontos, próximo da marca simbólica dos 138 mil. Com isso, o índice acumulou ganho de cerca de 0,8% na semana, revertendo o viés negativo que prevalecia até a véspera.
O dólar comercial acompanhou o movimento e caiu 0,95%, encerrando cotado a R$ 5,42, refletindo a expectativa de maior fluxo de capital estrangeiro para países emergentes.
Efeito Powell nos mercados globais
Em Nova York, as bolsas também reagiram de forma positiva:
- Dow Jones: +1,89%, a 45.631 pontos;
- S&P 500: +1,52%, a 6.466 pontos;
- Nasdaq: +1,88%, a 21.496 pontos.
Todos os 11 setores do S&P 500 fecharam em alta, com destaque para o imobiliário (+1,8%) e o consumo discricionário (+2%).
Powell afirmou que a política monetária dos EUA pode precisar de ajustes diante do enfraquecimento do mercado de trabalho e da mudança no equilíbrio de riscos. As declarações levaram os operadores a precificarem quase 90% de chance de corte de juros em setembro, contra cerca de 75% antes do discurso.
Visão dos especialistas
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destacou que Powell reconheceu a necessidade de “revisitar a política monetária” devido ao aumento do desemprego. Para ele, essa sinalização abre espaço para um corte já no próximo mês.
Thiago Calestine, da Dom Investimentos, avaliou que o discurso foi mais dovish do que o esperado, indicando uma postura menos rígida do Fed. “O mercado não contava com uma inclinação tão rápida para uma política expansionista”, comentou.
Já William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, ressaltou que o Fed parece enxergar a inflação como temporária, enquanto os riscos para o emprego aumentaram — fator que justificaria um ajuste monetário ainda neste ano.
Reflexos para o Brasil
Para o investidor estrangeiro, o Brasil segue atrativo graças ao diferencial de juros. “Com a Selic em patamar elevado, o país tende a se beneficiar da expectativa de cortes nos EUA”, explicou Cruz. Ainda assim, ele pondera que o cenário político doméstico segue no radar e pode gerar volatilidade adiciona