
O mercado financeiro brasileiro atravessou a quarta-feira (26) sob influência de novos sinais da inflação, avanços na pauta fiscal em Brasília e números mais fortes do mercado de trabalho norte-americano. Mesmo diante de fatores divergentes, o Ibovespa conseguiu firmar um novo recorde intradiário, impulsionado pelo desempenho positivo das bolsas internacionais e pelo alívio nas expectativas sobre juros globais.
O índice chegou a superar a marca de 158 mil pontos durante a manhã, após abrir em alta e encontrar suporte em praticamente todos os setores. Apenas um grupo reduzido de ações operava no campo negativo, enquanto bancos, varejo e energia puxavam os ganhos ao longo do dia.
O ponto central da agenda doméstica foi a divulgação do IPCA-15. A prévia da inflação de novembro registrou elevação de 0,20%, um pouco acima das projeções, mas ainda indicando desaceleração no acumulado de 12 meses. O movimento reforçou a leitura de que a inflação segue perdendo força em itens sensíveis à política monetária, mantendo a expectativa de que o Banco Central poderá avaliar reduções adicionais dos juros no início do próximo ano.
Paralelamente, o ambiente político trouxe volatilidade. O Senado aprovou um conjunto de medidas que amplia despesas e reacendeu discussões sobre a trajetória fiscal. A proposta inclui novos gastos bilionários voltados à Previdência e ajustes em programas sociais, o que aumentou a atenção do mercado sobre a capacidade do governo de cumprir metas orçamentárias. Outro ponto de impacto foi o avanço de uma nova faixa de isenção do Imposto de Renda, com tributação ampliada para rendimentos mais altos, tema que deve seguir na pauta econômica nas próximas semanas.
No exterior, os investidores repercutiram dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos. Os pedidos de seguro-desemprego vieram abaixo do esperado, reforçando a percepção de que a economia segue resiliente, mas não o suficiente para impedir que o Federal Reserve considere cortes de juros no curto prazo. A combinação de atividade moderada e inflação em desaceleração tem sido entendida como favorável a ativos de risco, o que contribuiu para o bom humor global.
As principais bolsas europeias e asiáticas exibiram avanços moderados, enquanto os futuros de Nova York operavam no positivo durante a manhã. O petróleo recuou diante de ajustes nas projeções de demanda e de novos desdobramentos geopolíticos, oferecendo algum alívio ao mercado de commodities. No segmento de criptoativos, o Bitcoin registrou queda, acompanhando movimentos de realização observados desde o início da semana.
A agenda econômica do dia reuniu ainda indicadores de crédito, atividade e indústria no Brasil, além da divulgação do Livro Bege nos Estados Unidos, com dados qualitativos sobre a economia americana. Em Brasília, compromissos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mantiveram investidores atentos a decisões que podem influenciar a condução fiscal no curto prazo.
Apesar da combinação de pressões políticas e incertezas sobre o ritmo da economia global, a leitura predominante entre analistas é de que o mercado encontrou espaço para testar novas máximas diante de um cenário de inflação mais comportada e crescente expectativa de redução dos juros, tanto no Brasil quanto no exterior.