
O Ibovespa fechou esta sexta-feira (31) em alta de 0,46%, aos 149.469 pontos, encerrando o mês de outubro com ganho acumulado de 1,74% e alcançando nova máxima histórica intradiária de 149.447 pontos. O desempenho foi sustentado pelos balanços corporativos do terceiro trimestre, dados positivos do mercado de trabalho brasileiro e a perspectiva de manutenção da Selic pelo Banco Central na próxima reunião do Copom.
O movimento local acompanhou o bom humor internacional, com bolsas em Wall Street encerrando o mês em alta após os resultados de Amazon e Apple, que animaram o setor de tecnologia e impulsionaram o sentimento global de risco.
Vale e WEG lideram ganhos entre as blue chips
O avanço do índice foi puxado por Vale (VALE3), que subiu 1,88%, a R$ 65,01, após apresentar lucro líquido de US$ 2,68 bilhões no terceiro trimestre, uma alta de 11% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado confirmou a recuperação da mineradora, apoiada pelo aumento de produção de minério de ferro e cobre, além da redução de custos operacionais.
WEG (WEGE3) também figurou entre as maiores altas do dia, com +1,64%, cotada a R$ 42,13, após reportar crescimento de receita e margens acima das expectativas do mercado. No setor financeiro, Itaú (ITUB4) subiu 0,61%, enquanto Santander (SANB11) avançou 2,22%, acompanhando a melhora no crédito e a redução nas provisões.
Setores de destaque: siderurgia, consumo e energia
Entre os setores, siderurgia foi o destaque positivo de outubro. Usiminas (USIM5) liderou o ranking mensal com alta de 32,86%, seguida por CSN (CSNA3) com +18,99% e Gerdau (GGBR4) com +13,6%, beneficiadas pela recomposição de margens e perspectiva de aumento da demanda nos EUA e na China.
No setor de bens de capital, além da WEG, a Metalúrgica Gerdau (GOAU4) avançou 1,38% no dia e 15,5% no mês. No varejo, Magazine Luiza (MGLU3) caiu 0,71%, refletindo pressão sobre margens e juros ainda elevados, enquanto Vivara (VIVA3) e Yduqs (YDUQ3) se destacaram positivamente com +0,68% e +6,79%, respectivamente.
Petrobras (PETR3) e (PETR4) tiveram desempenho misto, com quedas de 0,92% e 0,60%, acompanhando a leve alta do petróleo Brent, que fechou a US$ 65,07, e do WTI, em US$ 60,98, ambos com variações inferiores a 1%.
Pequenas e médias empresas: forte desempenho das small caps
O índice de small caps (SMLL) também encerrou o mês com valorização, subindo 0,64% no dia e superando 2,1% na semana. Entre as maiores altas da categoria estão RCSL3 (+20,9%), KEPL3 (+20,2%) e MLAS3 (+17,8%), impulsionadas por balanços robustos e fluxo de investidores locais buscando alternativas fora das blue chips.
Por outro lado, GFSA3 foi a maior queda semanal entre as small caps, recuando 13,3%, seguida por POMO4 (-10,2%) e NGRD3 (-5,2%), refletindo resultados abaixo das expectativas e ajustes de carteira de fim de mês.
Dólar fecha estável e juros futuros recuam
No câmbio, o dólar comercial terminou o dia praticamente estável, cotado a R$ 5,38, após oscilar entre R$ 5,37 e R$ 5,39. O movimento acompanhou a leve alta global do dólar, medida pelo índice DXY (+0,27%), mas foi compensado pela entrada de capital estrangeiro e pela queda dos juros futuros (DIs) no mercado local.
Os contratos de DI para 2027 recuaram 2,5 pontos-base, enquanto os de 2031 cederam 4 pontos, refletindo a leitura de que o Copom deve manter a Selic em 15% na reunião da próxima semana, em meio ao controle gradual da inflação.
Macroeconomia: desemprego em mínima histórica
O IBGE divulgou pela manhã que o desemprego atingiu 5,6% no trimestre encerrado em setembro — a menor taxa da série histórica. Embora o resultado tenha ficado levemente acima da projeção de 5,5%, o número reforça a resiliência do mercado de trabalho, sustentando o consumo interno e a arrecadação.
Com a renda média real em alta e o avanço dos empregos formais, analistas apontam que o crescimento do PIB no quarto trimestre pode superar as previsões anteriores, mesmo com a política monetária ainda restritiva.
Cenário internacional: tecnologia e Fed dominam o mês
Nos Estados Unidos, o S&P 500 e o Nasdaq encerraram outubro com ganhos de 2,3% e 4,7%, respectivamente, apoiados nos balanços de Amazon e Apple, que reforçaram a expectativa de retomada da demanda por tecnologia. O foco segue nas decisões do Federal Reserve, que sinalizou abertura para um novo corte de juros em dezembro, hoje estimado em 65% de probabilidade pelo mercado.
Na Europa, o BCE manteve juros em 2% e indicou postura “dependente de dados”, enquanto na Ásia, o Nikkei japonês subiu 2,1%, impulsionado pela trégua comercial entre Estados Unidos e China.
Perspectiva para novembro: continuidade do rali e atenção ao Fed
Com o Ibovespa renovando recordes, analistas avaliam que a tendência de alta pode se estender em novembro, apoiada no fluxo estrangeiro e nos resultados sólidos das empresas listadas. A continuidade do movimento, porém, dependerá da trajetória dos juros americanos e da estabilidade fiscal doméstica.
O mercado local também acompanhará o avanço das pautas econômicas no Congresso, como a reforma administrativa e o arcabouço fiscal, além da evolução dos indicadores de inflação e confiança empresarial.