Cenário político-econômico no Brasil

Ibovespa cai com tensões políticas e econômicas, enquanto dólar avança

Ibovespa fecha em queda com incerteza em tarifas, julgamento de Bolsonaro e PIB. Dólar sobe a R$ 5,47.

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Pessoas sentadas em um auditório acompanhando um julgamento, com o painel de jurados à frente e uma tela exibindo o rosto de um homem falando.
O Ibovespa fechou em queda, impactado pela aversão global ao risco e fatores internos como o julgamento de Bolsonaro e o PIB. (Fonte: Agência Brasil)

A terça-feira, 2 de setembro de 2025, marcou um dia de aversão ao risco para os mercados globais, e o Brasil não escapou da tendência. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, fechou em queda de 0,67%, atingindo 140.335,16 pontos, em um dia dominado por incertezas tanto no cenário internacional quanto no doméstico. A volatilidade também afetou o câmbio, com o dólar comercial subindo 0,65%, a R$ 5,474.

Nos Estados Unidos, Wall Street voltou do feriado do Dia do Trabalho com os principais índices em baixa. O motivo foi uma decisão judicial que considerou ilegais as tarifas impostas pelo governo Trump, gerando novas incertezas e fazendo com que o mercado “colocasse no banco dos réus mais uma vez a incerteza”. Jim Baird, diretor de investimentos da Plante Moran Financial Advisors, destacou a necessidade de aguardar os desdobramentos. O S&P 500 caiu 0,69%, o Dow Jones 0,55% e a Nasdaq 0,82%.

O julgamento de Bolsonaro e o PIB Nacional

O cenário político no Brasil adicionou uma camada extra de cautela, com o início da fase final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus por tentativa de golpe de Estado. Há temores de que uma eventual condenação possa levar a novas sanções econômicas por parte do governo de Donald Trump.

Além das preocupações políticas, os investidores avaliaram a saúde da economia brasileira através do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2025. O PIB cresceu 0,4% em relação ao trimestre anterior, um número ligeiramente acima das expectativas de 0,3%. Apesar disso, o resultado marcou uma desaceleração em relação ao crescimento de 1,4% do primeiro trimestre. O economista Gesner Oliveira, professor da FGV, comparou a situação a um “motor de carro” que perdeu um pouco da potência, com a agropecuária “tirando o pé do acelerador” após o forte desempenho do primeiro trimestre. A economista Natalie Victal, da SulAmérica Investimentos, resumiu o cenário como “resiliência”, mas questionou a velocidade da desaceleração.

O mercado doméstico e Seus Atores

No mercado brasileiro, as ações refletiram a instabilidade. A Vale (VALE3) fechou em queda de 0,38%, mesmo com o minério de ferro em alta na China. Já a Petrobras (PETR4) se salvou do movimento de baixa, subindo 0,51% impulsionada pela alta do petróleo no mercado internacional. Entre os bancos, o Banco do Brasil (BBAS3) foi o mais afetado, despencando 3,18% em meio aos temores de sanções dos EUA. O Itaú Unibanco (ITUB4) também recuou 1,70%, apesar de ter anunciado dividendo adicional.

O setor de varejo também sofreu com a alta dos juros futuros, que encerram o dia com altas em toda a curva. Magazine Luiza (MGLU3) cedeu 1,57% , enquanto Lojas Renner (LREN3) caiu 0,92%. Em contrapartida, a Cosan (CSAN3) foi a maior alta do dia, subindo 3,31%.

A Verdade do Mercado Brasileiro: Uma Lição de Fábio Murad

O cenário de hoje reforça a visão de Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF. Segundo ele, “a moeda fraca, os juros reais decrescentes e a carga tributária tornam o Brasil um país hostil para a acumulação de riqueza no longo prazo”. Para Murad, enquanto o investidor brasileiro comemora retornos modestos em dólar, o mercado global oferece oportunidades de crescimento muito mais expressivas.

“A diferença entre investir no Brasil e investir globalmente é a diferença entre se defender da pobreza e construir riqueza de verdade”, afirma Murad. Ele destaca que, nos últimos 10 anos, enquanto o CDI acumulou um ganho de apenas 4% em dólar, o índice S&P 500 subiu quase 190% no mesmo período. Essa performance é resultado de um mercado mais eficiente, transparente e com produtos acessíveis como os ETFs.

A volatilidade política, as incertezas fiscais e a desvalorização cambial, visíveis nos eventos de hoje, mostram que o investidor brasileiro está “refém da política monetária local, da instabilidade macroeconômica e da imprevisibilidade fiscal”. Por isso, a estratégia de diversificação internacional, com foco em ativos em dólar e em metodologias como a Covered Call, não é apenas uma alternativa, mas uma “necessidade”