O comportamento do Ibovespa diante das decisões do Federal Reserve (Fed) segue um padrão observado nas últimas quatro décadas: o índice brasileiro tende a valorizar quando a autoridade monetária americana inicia ciclos de cortes de juros.
Segundo estudo do Bank of America (BofA), em cenários de soft landing da economia americana, cada redução de 100 pontos-base resultou, em média, em uma valorização de 11% do Ibovespa.
Antecipação do mercado e ganhos prévios
O estudo também revela que os ganhos começam antes mesmo da primeira redução. Três meses antes do início dos cortes, o índice sobe, em média, 8%.
Em 2025, esse movimento já se mostrou presente: nos últimos três meses, o Ibovespa avançou quase 4%, acumulando alta de 13% em seis meses, atingindo 142.348,70 pontos.
Ciclos históricos e seus resultados
- 1984 – Após corte de 350 pontos-base, o Ibovespa subiu 20%, embalado pela expectativa de acordo com o FMI. Contudo, o movimento coincidiu com o turbulento período das “Diretas Já”.
- 1995 – Corte de 75 pontos-base gerou valorização de 18%, em meio à recuperação econômica com o Plano Real.
- 2019 – Reduções de 225 pontos resultaram em alta de 7%, sustentada por juros baixos e políticas pró-mercado.
- 2024 – Apesar do corte de 100 pontos-base, inflação fora de controle e desvalorização do real levaram a uma queda de 10% do Ibovespa três meses depois.
Esses exemplos demonstram que fatores domésticos são decisivos para confirmar ou anular o impacto externo.
Expectativa para 2025 e além
De acordo com a ferramenta FedWatch, 92% do mercado aposta que o Fed cortará 25 pontos-base na próxima reunião, reduzindo os juros para a faixa entre 4,00% e 4,25% ao ano. O BofA projeta 125 pontos-base de cortes até o fim de 2026.
No Brasil, a perspectiva é de que a queda dos juros nos EUA abra espaço para cortes adicionais na Selic, que poderia chegar a 11,25% em 2026.
Selic e setores beneficiados
Historicamente, o Ibovespa também reage bem à queda da Selic. Em alguns ciclos, as altas chegaram a 74%. Setores ligados à economia doméstica, como construção civil, costumam ser os mais beneficiados.
Visão estratégica para o investidor
Segundo Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF, o investidor brasileiro deve aproveitar esses momentos para diversificar internacionalmente:
“Não faz sentido depender apenas da B3 e da Selic. Ao dolarizar parte da carteira e usar estratégias de renda em ETFs, o investidor protege seu patrimônio e garante geração de renda previsível em moeda forte”.