Banco do Brasil reage a medidas recentes
As ações do Banco do Brasil (BBAS3) seguem em alta e já acumulam valorização de 20% desde a mínima registrada em setembro. O movimento foi impulsionado por duas frentes: a Medida Provisória que libera R$ 12 bilhões para renegociação de dívidas do agronegócio e uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que flexibiliza a reclassificação de créditos em atraso.
O que mudou na prática
A nova regra permite que operações de longo prazo retornem a estágios de risco menores após 90 dias de capacidade de pagamento comprovada. Na prática, isso significa alívio contábil, antecipação de receitas de juros e menor pressão sobre o capital do banco. Analistas calculam que o efeito pode adicionar cerca de R$ 1,5 bilhão ao lucro líquido de 2026.
Preço e desempenho das ações
Por volta das 10h35, os papéis subiam 0,68%, negociados a R$ 22,20. Em setembro, BBAS3 já acumula alta de 3,79%, depois de ter avançado 8,58% em agosto. A mínima do ano foi de R$ 18,35, no início de setembro, e a máxima chegou a R$ 29,22 em maio.
Impacto esperado para o Banco do Brasil
A mudança regulatória destrava receitas que estavam represadas, permitindo o reconhecimento de juros por competência em renegociações rurais. Isso deve reduzir provisões e melhorar a margem financeira, abrindo espaço para recuperação da rentabilidade nos próximos trimestres.
Visão do mercado
- Safra: projeta redução de provisões a partir do quarto trimestre de 2025, mas alerta para fundamentos ainda frágeis no agro, no crédito a pessoas físicas e em pequenas e médias empresas. Mantém recomendação neutra.
- BTG Pactual: considera as medidas positivas, destacando que a nova instrução do Banco Central também abre espaço para reclassificações de operações renegociadas.
- Executivos do BB: a presidente Tarciana Medeiros lembrou que a mudança vem após conversas com o Banco Central sobre os efeitos da resolução anterior, que havia pressionado os índices de inadimplência.
O que acompanhar daqui para frente
- Velocidade das reclassificações de crédito após 90 dias.
- Evolução da inadimplência no agronegócio, pessoas físicas e PMEs.
- Trajetória das provisões e do NII (margem financeira) a partir do fim de 2025.
- Novas sinalizações do BC e do CMN sobre ajustes adicionais.