sexta, 26 de abril de 2024
Petróleo

Petróleo à deriva, apesar de Opep manter pequenos passos no aumento de produção

Países que controlam maior parte das exportações mundiais de petróleo se mantiveram fiéis nesta quarta-feira (1)

01 setembro 2021 - 18h11Por Investing.com

Por Barani Krishnan, da Investing.com - Os 23 países que controlam a maior parte das exportações mundiais de petróleo se mantiveram fiéis na quarta-feira (1) ao seu plano de aumentar a produção paulatinamente, em vez de avançar com um aumento rápido como exigido por uma Casa Branca pressionada por preços elevados de gasolina e inflação nos Estados Unidos.

A decisão da aliança Opep+ – que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, um grupo de 13 membros liderados pelos sauditas, e 10 outros produtores capitaneados pela Rússia – não desencadeou de imediato um rali nos preços do petróleo na quarta-feira, como se pensava.

Brent, referência global do petróleo negociado em Londres, e o petróleo WTI, negociado em Nova York e referência para petróleo nos EUA, recuaram inicialmente com temores pelo aumento de casos de Covid em função da variante Delta.

Contudo, o WTI fechou em alta de US$ 0,09, ou 0.1%, a US$ 68,25 por barril. O Brent encerrou a sessão em queda de US$ 0,04, ou 0.06%, a US$ 71,59.

Numa reunião virtual na quarta-feira, a Opep+ optou por continuar a avançar gradualmente com o seu plano de alavancar a produção em parcelas mensais de 400.000 barris por dia até o final de 2022. 

A Casa Branca tinha pedido à aliança para retomar a produção de maneira muito mais rápida, enquanto o preço médio da gasolina nas bombas dos EUA atingiu sua máxima em 7 anos de cerca de US$ 3,15 por galão, devido às restrições no fornecimento de petróleo causados pelos cortes de produção da Opep no ano passado.

Apesar dos aumentos comedidos da produção por parte da aliança nesse momento, os preços do petróleo não foram capazes de iniciar um rali, ao contrário do início do ano, devido a novas preocupações com a Covid. Os dados do fim de agosto mostraram que o número de passageiros em aeroportos dos EUA caiu para seu menor nível desde maio, numa aparente demonstração que os viajantes pareceram tomados por receios em relação à variante delta. Isso pode afetar a demanda por combustível de aviação.

Rochelle Walensky, diretora do Centro de Controle de Doenças dos EUA, também advertiu na quarta-feira que os americanos não vacinados evitem viagens durante o feriado do Labor Day, dia 6 de setembro. Isso poderia pesar sobre os prospectos para a gasolina e o combustível de aviação. 

Cerca de 52% da população dos EUA, ou 174 milhões de pessoas, está totalmente vacinada, segundo os dados do CDC. Apesar disso, as internações por Covid atingiram uma média diária de 100.000 pessoas pela primeira vez desde o surto do inverno passado, com oficiais atribuindo o aumento quase inteiramente a pessoas não vacinadas.

No front dos empregos, os empresários do setor privado norte-americano adicionaram apenas cerca de 375.000 vagas em agosto, ou 40% menos do que o previsto pelos economistas, já que a pandemia continuou cobrando seu preço sobre o mercado de trabalho, como demonstrado pelo Relatório Nacional de Emprego da ADP na quarta-feira.

Os dados da ADP sobre o emprego no setor privado vieram à frente do relatório da folha de pagamento não-agrícola de agosto, divulgado pelo Labor Department, que incluirá os números de emprego tanto no setor público como no privado. Os economistas esperam que o relatório do NFP aponte um acréscimo de 748.000 postos de trabalho no mês passado, após um crescimento acentuado de 943.000 vagas em julho.

Os preços do petróleo despencaram apesar da Energy Information Administration dos EUA relatar uma explosão no consumo dos estoques brutos na semana passada.

Os estoques de petróleo dos EUA caíram 7,17 milhões de barris na semana encerrada em 27 de agosto, afirmou a EIA em seu Relatório Semanal sobre o Status do Petróleo. Esse foi o maior consumo semanal desde a semana encerrada em 16 de julho, quando cerca de 7,90 milhões de barris foram usados.

Os analistas previam um consumo de 3,1 milhões de barris na semana passada, apenas marginalmente acima da queda de 2,98 milhões registada durante a semana encerrada em 20 de agosto. Após a divulgação dos dados, alguns citaram o furacão Ida, que causou uma enorme interrupção na produção de petróleo na semana passada, como uma possível razão para o consumo desproporcional.

O Ida assolou a Louisiana como um furacão de categoria 4, forçando uma perda de 1,74 milhão de barris de petróleo equivalente por dia. Isso responde por 95% da produção nas plataformas de petróleo e gás natural do Golfo do México. O Ida também causou a parada do maior terminal de petróleo privado dos EUA, além de quase metade da capacidade de refino do país. 

Os estoques de gasolina também caíram mais que o esperado na semana passada, com redução de 1,73 milhão de barris em contraste à queda esperada de 550.000, como demonstram os dados da EIA.

Os estoques de destilados chacoalharam essa tendência, subindo 1,3 milhão de barris em comparação com a queda antecipada de 1,6 milhão.

Inicialmente, os dirigentes do setor estimavam que poderia demorar semanas até que o fornecimento se normalizasse em função das paradas causadas pelo Ida. Mas pouco após tocar solo, o furacão perdeu força e se transformou em uma tempestade tropical, levando alguns analistas a ajustar suas expectativas acreditando que os dados da EIA da próxima semana podem até mostrar um crescimento incisivo nos estoques de petróleo e combustíveis.