quinta, 25 de abril de 2024
Commodities

Ouro afunda enquanto dólar aumenta e ações também recuam

17 fevereiro 2021 - 17h21Por Investing.com

Por Barani Krishnan, da Investing.com - O mal-estar do ouro continuou na quarta-feira (17), com o metal amarelo atingindo mínimas de três meses abaixo de US$ 1.800, enquanto o dólar disparou com um breve aumento nos rendimentos de títulos dos EUA e os mercados de ações norte-americanos ficaram no vermelho com a realização de lucros e realocação de fundos.

O ouro para entrega em abril na Comex caía US$ 25,85, ou 1,43%, para US$ 1.773,15 por onça às 17h20 (horário de Brasília), depois de perder 1,3% na sessão anterior.

No total, o contrato futuro de ouro perdeu quase US$ 65, ou 3,5%, desde o fechamento de 10 de fevereiro, há uma semana. A queda de quarta-feira o levou para uma baixa de US$ 1.768,55 ao longo do dia - uma mínima não vista desde a os US$ 1.767,20 de novembro.

“É tudo uma questão de rendimentos”, disse Fawad Razaqzada, analista da ThinkMarkets. “Neste momento, o foco do investidor está fixado nos rendimentos dos títulos, que continuam a subir devido às crescentes expectativas de que a inflação retornará, já que se espera que a recuperação econômica global se acelere.”

“Como resultado, os investidores estão abandonando os títulos, fazendo com que seus rendimentos aumentem. A notícia elevou ainda mais o dólar e também pesou sobre os índices de ações dos EUA ”.

Os rendimentos da Nota do Tesouro dos EUA de 10 anos atingiu um pico breve de 1,33%, o maior em um ano.

Isso tende a elevar o dólar, o arquirrival do ouro. O Índice Dólar, que opõe a divisa contra seis outras moedas, atingiu uma alta de nove dias de 90,88. Especula-se que o índice possa retornar ao nível de 91, pesando ainda mais sobre o ouro.

“O dólar parece estar gerando impulso e o aumento dos rendimentos está alimentando-o ainda mais”, disse Craig Erlam, analista da corretora online OANDA. “Um movimento de volta para US$ 1.700 pode estar nas cartas para ouro.”

Eric Scoles, estrategista de mercado da Blueline Futures de Chicago, concordou com isso. “A menos que vejamos o mercado rejeitando esses preços e a ideia de inflação seja adotada, posso ver o ouro caindo para cerca de US$ 1.700 no futuro próximo.”

A ideia do ouro como uma proteção contra a inflação, ou porto seguro contra a maioria dos problemas econômicos e políticos, tem sido desafiada repetidamente nos últimos meses, desde que as descobertas da vacina para a Covid-19 pressionaram o metal amarelo das altas recordes de agosto de quase US$ 2.090.

Com o presidente Joe Biden embarcando em um novo estímulo de US$ 1,9 trilhão após os quase US$ 4 trilhões emitidos por seu antecessor Donald Trump, o déficit fiscal e a dívida fiscal dos EUA com esses gastos devem pesar sobre o dólar, e não sobre o ouro. No entanto, o dólar continuou a desafiar as tentativas de mantê-lo abaixo da leitura de 90 no índice dólar e o ouro sofreu uma série de retrocessos em seu preço.

Além disso, se a inflação está realmente voltando, então o ouro deveria ser o beneficiário dessa dinâmica, em vez do dólar.

O componente de risco geopolítico que segurou o ouro por décadas quase desapareceu também, com o metal amarelo caindo em vez de subir com uma recente explosão de tensões no Oriente Médio.