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Lojas Americanas e shoppings são as apostas para o varejo em 2021, dizem analistas

28 dezembro 2020 - 16h17Por Investing.com

Por Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com - O ano de ouro para o comércio eletrônico brasileiro está chegando ao fim e a retomada do varejo físico em 2021 deve beneficiar papéis de shoppings e das Lojas Americanas (SA:LAME4), disseram analistas ao Investing.com.

Ainda assim, as estrelas do e-commerce como Magazine Luiza (SA:MGLU3), Via Varejo (SA:VVAR3) e B2W (SA:BTOW3) devem continuar entregando bons resultados, mesmo que não tão robustos quanto este ano.

“O nosso varejo está muito forte, com e-commerce extraordinário especializado em logística e entrega rápida. Tem bastante espaço para crescer no Brasil e as empresas ligadas a isso vão continuar avançando, ainda que não tanto quanto este ano”, disse Mario Mariante, analista da Planner Corretora.

Os papéis do Magazine Luiza, Via Varejo e B2W têm altas acumuladas de 112%, 46% e 20% no ano, respectivamente. Para Mariante, se essas empresas já foram bem durante a crise do coronavírus, com aumento do desemprego e fechamento de lojas, será uma questão de economia melhorar para o setor andar como um todo -, mas isso não necessariamente irá se refletir nas ações.

“Tem espaço para valorizar, mas não como se tinha no passado. A tendência é que o mercado procure ajustar esses múltiplos pelo menos abaixo do que estamos vendo hoje. Em resumo, não pagar tanto por esses papéis”, aponta.

A exceção, segundo Mariante, será para as Lojas Americanas, que apesar de uma presença crescente no mercado online por meio das plataformas de vendas da parceira B2W, deve voltar a subir com a reabertura total de lojas de rua e de shoppings. No ano, o papel da varejista tem queda acumulada de 3,22%.

As estrelas da vez

O setor de shoppings, um dos mais afetados pelas restrições de circulação de pessoas, deve passar por uma forte recuperação em 2021, mas sem abandonar os investimentos feitos nos ambientes digitais.

A estratégia de omnicanalidade, que proporciona ao cliente a experiência de entrar em contato tanto digital como fisicamente com as marcas, é uma das tendências vistas como permanentes no pós-pandemia.

“A grande protagonista será a volta das pessoas na rua”, disse Pedro Serra, analista da Ativa Investimentos. “Mas essas soluções digitais vêm para somar e o mercado está pagando mais caro por isso”.

No início do mês, os analistas do BTG Pactual escreveram em relatório que os shoppings sobreviveram ao “grande teste de estresse” e mantiveram a uma taxa de desocupação sólida, mesmo com a grande maioria deles fechada por quase três meses inteiros.

Para o banco, a alta de 22% na vacância das lojas é um resultado “incrível”, considerando todo o cenário, e o fato de que alguns shoppings já estão cobrando 100% dos aluguéis é surpreendente.

A rede Iguatemi (SA:IGTA3), por exemplo, com vendas concentradas em São Paulo, é uma das empresas que, apesar das restrições, acabou revertendo a situação pelo foco em consumo de produtos de luxo de marcas localizadas em território nacional, que substituíram produtos de viagens internacionais e se beneficiarem com o encarecimento do dólar perante o real. No ano, o papel acumula queda de 26%, mas subiu 10% somente em dezembro.

Vestuário em foco

Outro legado da pandemia para o varejo deve ser a integração do e-commerce ao vestuário, à medida que aumenta a segurança dos consumidores em comprar pela internet e que as lojas físicas voltem à normalidade como ponto de apoio dentro desse sistema.

Segundo os analistas da XP, em relatório especial sobre o setor, a pandemia intensificou estruturalmente a digitalização, com iniciativas multicanais que facilitam a jornada de compra dos consumidores, ao mesmo tempo em que melhoraram a recorrência e fidelidade.

Dentre os papéis, a corretora apontou a C&A (SA:CEAB3) e o Grupo Soma como as preferências no setor, com a primeira negociando a um múltiplo “atraente” de 23,2 vezes o preço sobre o lucro de 2021, um desconto de 30% em relação aos concorrentes, “com espaço para um re-rating conforme a empresa entrega ganhos de eficiência operacional nos próximos anos”.

Quanto ao Grupo Soma, os analistas veem ganhos de sinergias a serem capturados no curto prazo, “além de sólidas oportunidades de crescimento orgânico”.

“O bom é que boa parte dessas empresas trabalhou forte na redução do endividamento, aproveitando a queda das taxas de juros. Então estão saindo de 2020 com uma posição financeira muito mais confortável do que entraram”, lembra Serra, da Ativa Investimentos. Para 2021, a corretora tem recomendação de Compra para Lojas Renner (SA:LREN3), Arezzo (SA:ARZZ3) e Lojas Americanas.