domingo, 28 de abril de 2024
Ibovespa

Ibovespa: com juros globais em alta, como fica a projeção da XP?

Para a casa, após os principais bancos centrais sinalizarem juros mais altos por mais tempo, as taxas dos títulos globais continuaram subindo e isso volta a pesar sobre as ações globais

02 outubro 2023 - 10h56Por José Chacon
B3B3 - Crédito: Paulo Whitaker, para a agência Reuters

Embora o último pregão de setembro tenha sido de alta para o Ibovespa, a XP Investimentos avalia que além de uma perspectiva macro global mais negativa, a política fiscal no Brasil continua sendo um tema chave para o mercado, o que continua pressionando as ações brasileiras.

Por isso, a casa reduziu o valor justo do Ibovespa para 128 mil pontos ao fim deste ano, anteriormente a projeção era de 133 mil pontos.

Contudo, a análise continua vendo o múltiplo do Ibovespa como descontado, com o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) em 7,9x, versus a média histórica de 11 vezes.

Fernando Ferreira e Jennie Li, analistas da casa, acreditam que após os principais bancos centrais sinalizarem juros mais altos por mais tempo, as taxas dos títulos globais continuaram subindo e isso volta a pesar sobre as ações globais.

Para a taxa de juros dos EUA, a XP revisou sua projeção e prevê um aumento adicional de 25 pontos base. “O tom recente do Federal Reserve foi mais duro do que o esperado, e agora temos o risco de que os preços mais altos de energia possam reacelerar a inflação”, comenta a dupla.

Os analistas avaliam que o principal desafio para a desinflação global é o recente aumento nos preços do petróleo. No entanto, acreditam em uma correlação positiva entre o petróleo e as ações globais.

“Se os preços do petróleo continuarem subindo, as ações de energia brasileiras são melhores posicionadas para capturar essa tendência em comparação com seus pares nos EUA”.

A dupla da XP também aponta que a política fiscal voltou a pesar sobre os ativos brasileiros. Por um lado, existem riscos de aumento nos impostos corporativos, por outro lado, os riscos de o governo não atingir sua meta de resultado primário.

“Nossa visão é que uma mudança na meta é negativa. Embora a não aprovação das medidas fiscais possa remover um uma grande incerteza para as empresas, poderemos ver um efeito mais negativo no câmbio e nas taxas de juros, o que deve pressionar negativamente as ações”, avaliam Ferreira e Jennie.

“Ainda vemos espaço para setores que ficaram para trás performarem bem, apoiados pelo padrão histórico consistente de desempenho observado em ciclos de corte no passado. No entanto, é importante reconhecer que as atuais condições macro podem continuar a impactar os retornos desses setores/fatores”, finalizam.