sexta, 26 de abril de 2024
Combustível

Escassez do diesel pode impactar margens de operadoras logísticas, diz BTG

Os analistas do banco destacam que entre 30% e 40% do preço do frete é historicamente composto pelo preço do diesel. A importância desse fator no frete deve se tornar cada vez maior com a alta de preço

08 junho 2022 - 13h18Por Investing.com

Por Leandro Manzoni, da Investing.com - A escassez do diesel se tornou o assunto do momento na indústria logística, segundo BTG Pactual (SA:BPAC11) em relatório distribuído nesta quarta-feira (8). Os impactos, inicialmente sentidos pelo aumento de preços, podem afetar no curto prazo as margens de operadores logísticos no Brasil, sétimo maior consumidor mundial e altamente exposto ao risco de desabastecimento devido à logística dependente do diesel.

Os analistas do banco destacam que entre 30% e 40% do preço do frete é historicamente composto pelo preço do diesel. A importância desse fator no frete deve se tornar cada vez maior com a alta de preço.

Embora a alta do custo do frete deva ser repassada a clientes dos operadores, segundo o BTG, o repasse deve ser concluído após negociações. Até essa conclusão, as operadoras, como a JSL (SA:JSLG3), sofrerão com a pressão nas margens.

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Às 12h48, as ações da JSL avançam 0,5% a R$ 6,07.

Redução ICMS pode trazer alívio

Por outro lado, a redução do ICMS sobre os combustíveis pode ajudar as empresas de logística rodoviária, apontou a Eleven Investimentos em relatório ontem. Isso deve ser benéfico especialmente para a Sequoia (SA:SEQL3) e a JSL, segundo a casa de análise, diminuindo a pressão para repassar o aumento dos custos dos combustíveis a seus clientes.

Causas da escassez do diesel

A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro elevou os temores de corte imediato de gás natural russo na Europa, além da dificuldade de aquisição da commodity com os embargos contra o setor da Rússia. Com isso, aumentou a demanda e a estocagem de diesel na Europa para substituir o gás, segundo diretores do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) em artigo no Brazil Journal.

O aumento da demanda pelo diesel descolou, pela primeira vez na história, seu preço da variação do petróleo e da gasolina, que também sofreram fortes reajustes no ano. Somente o petróleo Brent, referência mundial de preço, subiu mais de 57% em 2022, chegando a quase US$ 140 no pico do ano (é negociado hoje a US$ 122,69).

O CBIE ressalta que o cenário pode piorar no 2º semestre, com a temporada de furacões nos EUA fechando refinarias na região do Golfo do México.

Pode faltar diesel no Brasil?

Como o Brasil importa 25% do diesel consumido, os diretores do CBIE veem como baixa a falta do combustível no país. Porém, fazem a ressalva para que a política de Paridade de Preço Internacional (PPI) seja mantida.

A adoção de medidas que abaixe artificialmente o preço do diesel pode elevar esse risco, pois desestimularia empresas importadoras a comprar diesel do exterior e revende-los no mercado interno.