sexta, 26 de abril de 2024
Palestras ICXP 2022

"É uma grande potência ter uma equipe engajada", diz Carolina Brum sobre promoção de saúde mental

Gerente de gestão de pessoas da Casarão Imóveis falou sobre a relação entre produtividade e cultura organizacional e trouxe dicas de como melhorar o ambiente de trabalho das imobiliárias

18 março 2022 - 14h30Por Flávio Faria / Apoio: Unioncorp Corretora de Seguros

Apresentado por Unioncorp

“Por que este tema está em um evento como este? Porque não é um conteúdo separado dos negócios, de resultado e lucratividade. É um olhar para um caminho de performance mais sustentável. Hoje, o burnout é um novo fator de risco jurídico e financeiro para o qual precisamos ficar atentos”. Essa foi a forma como Carolina Brum, gerente de gestão de pessoas na Casarão Imóveis começou sua palestra sobre saúde mental em ambientes de trabalho no mercado imobiliário, focando especialmente na “pandemia” do burnout, que nos últimos anos tem se alastrado pelo mercado de trabalho.

Segundo Carolina, hoje é imperativo que as empresas tenham um olhar de promoção de saúde para melhor desenvolvimento das pessoas e dos próprios negócios. Para isso, ela trabalha com um conceito de “três saúdes”: física, mental e financeira.

“Qualquer ação que a gente promove na empresa precisa levar em consideração essas três saúdes. Por exemplo: quais são as condições ergonômicas de uma nova iniciativa?  Especialmente agora, com a Covid-19, como estamos trabalhando a questão do uso de máscaras?  Outro ponto é a saúde mental: ela está sendo atendida? Está sendo cuidada por essa iniciativa?”, aconselha ela a sempre questionar.

Não menos importante é a questão financeira, tanto do lado dos funcionários, uma vez que é a empresa é o local de onde eles tiram o sustento; quanto da própria empresa, que precisa analisar se as suas ações são sustentáveis economicamente.

Trabalhar “dá trabalho”, mas não deixa doente

Carolina sustenta, porém, que trazer o aspecto da saúde mental para o centro do negócio e melhorar as condições de trabalho da equipe não tira a parte “cansativa” da rotina.

“Trabalhar dá trabalho, cansa, mas não é normal que adoeça. Promover a saúde mental não é falar sobre mesa de pingue pongue ou cerveja no final do expediente, mas ações que mantenham a saúde no trabalho. O trabalho é um promotor de saúde, sentido, identidade e engajamento, que é um vínculo positivo com o seu ofício. É uma grande potência ter uma equipe engajada”, diz. 

O cansaço, afirma ela, é decorrência típica do trabalho, assim como o stress. O burnout, porém, vem do exagero. “Ele é associado diretamente ao trabalho, fazer mais do que consegue, extrapolar o limite, nunca parar, não aceitar recarregar”, frisa a gerente.

Carolina explica que o burnout reflete no trabalhador, mas que surge nas organizações. “Ele vem de ambientes onde a pressão é muito grande, com níveis de stress sempre altos e constantes, sem pausas. Tudo é para ontem”, explica. Segundo ela, a situação tem piorado, uma vez que o burnout tem se tornado um símbolo de status de bom funcionário. “Burnout virou até verbo: ‘Eu burnoutei’”, completa a gerente.

Na palestra, Carolina apresenta números da OMS (Organização Mundial da Saúde) que mostram que o Brasil perde apenas para o Japão em casos de afastamento do trabalho por conta de problemas com saúde mental.

Em casos mais graves, os dias fora da empresa podem ultrapassar 200 por ano. A organização, inclusive, já categorizou o burnout como doença do trabalho.

“As pessoas confundem burnout com produtividade, mas dados como esse nos mostram que as doenças mentais na verdade geram afastamento”, destaca. Na apresentação ela expõe dados, também da OMS, que mostram que problemas relacionados à saúde mental geram US$ 16 bilhões em prejuízos para as empresas todos os anos. “Isso é produtividade?” Ela provoca na apresentação.

Dicas para imobiliárias

Carolina trouxe algumas experiências positivas que já foram realizadas na Casarão Imóveis e indicou algumas rotinas simples que as empresas podem se atentar para criar uma nova (e mais saudável) cultura organizacional, como realizar pesquisas de clima, termômetros de humor, além de questionar as políticas da própria empresa em relação a aspectos do dia a dia dos funcionários, como horas extras descontroladas, férias desprogramadas, reuniões improdutivas e ambiente de trabalho tóxico, com fofocas ou casos de bullying.

A gerente deu também uma dica bem prática para os profissionais de RH, que segundo ela sempre funcionou muito bem.

“Como está seu sono? Tem dormido bem?  São perguntas que eu sempre uso, porque o sono é um grande preditor de saúde mental e quando eu pergunto as pessoas já respondem com tudo, se está tudo bem ou que não está legal. A partir daí, essa pessoa já conta quais são as suas preocupações e traz informações que são fundamentais para a empresa”, explica.

As informações colhidas com a equipe são materializadas em ações, como eventos ou palestras, com envolvimento direto inclusive dos sócios e diretores da empresa. E simplesmente oferecer yoga, mindfullness ou terapia não é garantia de criação de uma cultura de bem-estar, explica.

“Transformação cultural exige comprometimento da alta liderança. Oferecemos terapia e os índices de adesão foram baixos porque saúde mental ainda é tabu”, disse ela. Entre as ações que a empresa já realizou para enfrentar a questão, o próprio CEO, em um evento, relatou que faz terapia, como forma de trazer luz sobre o tema e motivar.

Nesta sexta (18) e sábado (19), a SpaceMoney traz, em tempo real, os principais destaques da ICXP2022. A iniciativa é fruto de uma parceria com a Unioncorp, maior corretora do Brasil especializada em garantias locatícias.