sexta, 26 de abril de 2024
Radar financeiro

Destaques: crise nas Forças Armadas brasileiras e reunião da Opep+

Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na quarta-feira, 31 de março

31 março 2021 - 09h05Por Investing.com
 - Crédito: Zbynek Burival via Unsplash

Por Geoffrey Smith e Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com - Bolsonaro demite comandantes das Forças Armadas e isola apoio dentro da ala militar. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo deve se reunir com outros grandes produtores para discutir os níveis de produção após o corte das previsões para a demanda.

Mais detalhes estão surgindo sobre a escala das perdas bancárias com a explosão da Archegos, enquanto os mercados de ações e títulos navegam antes do discurso do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre infraestrutura.

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, lança um desafio para os mercados.

Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na quarta-feira, 31 de março.

1. Crise no Exército

Investidores ficam de olho na crise política que se desenrola em Brasília, após o presidente Jair Bolsonaro demitir os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica por, segundo os jornais, se recusarem a aderir medidas de cunho político demandas pelo presidente e, na visão dele, desrespeitarem a hierarquia militar.

Bolsonaro afirmou nesta terça-feira, após as trocas, que atua dentro dos limites da Constituição e que “há algum tempo algumas autoridades não estão jogando nos limites da Constituição", fazendo referência aos governadores que aplicaram medidas de lockdown nas últimas semanas.

Segundo o Valor Econômico, auxiliares de Bolsonaro nas alas política e militar descartam, entretanto, a politização dos quartéis, ou que as mudanças na cúpula militar evoluam para medidas extremas. O jornal destaca que generais da ativa e o próprio vice-presidente da República, Hamilton Mourão, manifestaram apoio às instituições.

Enquanto isso, o Brasil registrou nesta terça-feira um novo recorde de mortes por Covid-19 em um único dia, ao contabilizar mais 3.780 óbitos, cifra que eleva o total de vítimas fatais da doença no país a 317.646, informou o Ministério da Saúde.

2. OPEP+ se reúne após o corte das previsões de demanda

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo se reúne com outros grandes produtores como a Rússia para definir as cotas de produção para maio. A reunião do Comitê Conjunto de Monitoramento Ministerial está programada para começar às 11h30, horário de Brasília.

As expectativas se solidificaram em torno de um consenso de nenhuma mudança nos níveis de produção, apesar da impaciência da Rússia e de outros em aumentar a produção em resposta à alta dos preços desde o final de 2020.

Isso porque a crescente última onda da Covid-19 que atingiu a Europa e a Índia de forma particularmente forte atrasou a recuperação esperada na demanda global: o comitê técnico conjunto da OPEP revisou para baixo as estimativas de crescimento da demanda global para 5,6 milhões de barris por dia, de 5,9 milhões anteriormente, de acordo com relatórios. A demanda para o segundo trimestre agora está prevista em 1 milhão de b/d menor.

Os preços do petróleo operam em leve baixa nesta manhã. O contrato futuro do WTI caía 0,20% a US$ 60,42 o barril, enquanto o contrato do Brent retraía 0,08% a US$ 64,12.

3. Mitsubishi sinaliza perda na Archegos; Deutsche Bank escapa; S&P corta perspectiva para o Credit Suisse

Mais detalhes surgiram sobre a escala das perdas incorridas pelos bancos que financiaram as apostas malfadadas de ações de Bill Hwang. O Mitsubishi UFJ (NYSE:MUFG) (SA:M1UF34) disse que esperava perder cerca de US$ 300 milhões, enquanto o Deutsche Bank (DE:DBKGn) (SA:DBAG34) disse que reduziu a exposição à Archegos a tempo de evitar grandes perdas e que a remanescente era 'imaterial'.

Na terça-feira, a Standard & Poor’s cortou a perspectiva sobre a dívida do Credit Suisse (SIX:CSGN) (SA:C1SU34) para "negativa" de "estável" devido a preocupações sobre suas deficiências de gestão de risco.

O Credit Suisse (NYSE:CS) ainda não quantificou o que espera ser um golpe "substancial" em seus ganhos com o fiasco. Analistas do JPMorgan estimam que o impacto total para os credores da Archegos seja de até US$ 10 bilhões.

4. Ações e títulos oscilam antes do discurso de Biden

Os mercados de ações dos EUA estão aguardando o grande discurso do presidente Joe Biden, mais tarde, em que deve delinear os planos de gastos com infraestrutura. Espera-se que Biden fale de cerca de US$ 2 trilhões em gastos, um número que implica em empréstimos ainda mais pesados pelo Tesouro dos EUA e outros níveis de governo.

Às 09h08, os futuros do Dow Jones estavam estáveis, enquanto o S&P 500 futuros e o Nasdaq 100 futuros subiam 0,15% e 0,64%, respectivamente. O EWZ, que replica o Ibovespa em Wall Street, caía 0,02% na pré-abertura.

O rendimento do Tesouro de 10 anos avançava ligeiramente para 1,72%, após subir para 1,78% na terça-feira.

5. Lagarde pede cautela com juros

A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, convidou os mercados a testar sua determinação em manter as condições monetárias relaxadas, à frente do que provavelmente será um trimestre de inflação enganosamente altas. Lagarde disse à Bloomberg em uma entrevista que os mercados “podem nos testar o quanto quiser.”

Embora esse seja o tipo de comentário que muitas vezes pode voltar para morder os bancos centrais, vigilantes de títulos recusaram educadamente a oferta no início do pregão na Europa, mantendo os rendimentos e os spreads dos títulos do governo da Zona do Euro praticamente inalterados.

O BCE já disse que vai acelerar a compra de títulos no segundo trimestre, um período em que as taxas de inflação homóloga provavelmente dispararão devido ao colapso dos preços do petróleo no ano anterior. A taxa principal do IPC da Zona do Euro subiu para1,3% em março, de 0,9% em fevereiro, de acordo com dados divulgados posteriormente pelo Eurostat.