quarta, 08 de maio de 2024
Para superar gargalos históricos

Brasil precisa de quase o triplo de investimentos em infraestrutura, diz pesquisa

Pesquisa semestral realizada pela consultoria EY, em parceria com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), mostra que volume de recursos para o setor é insuficiente

11 novembro 2021 - 10h54Por Agência EY

Por Agência EY - Apesar dos avanços recentes, como leilões de aeroportos e rodovias realizados ao longo de 2021, o Brasil ainda está longe de atingir o volume necessário de investimentos para superar os gargalos históricos em infraestrutura.

Em 2020, foram investidos cerca de R$ 124,2 bilhões no setor, equivalente a 1,67% do Produto Interno Bruto (PIB).

Para os especialistas, o país necessita de investimentos anuais de, pelo menos, 4,3% do PIB – cerca de R$ 284,4 bilhões por ano - em rodovias, ferrovias, saneamento básico e outras obras e serviços estruturais. 

Os dados constam do Barômetro de Infraestrutura, pesquisa semestral realizada pela consultoria EY, em parceria com a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). A sexta edição, realizada com cento e sessenta e sete gestores de investimentos e especialistas, mostra os empresários menos otimistas com os rumos da economia nacional pelo terceiro semestre consecutivo.

Apenas 16,2% dos entrevistados estão otimistas com o crescimento econômico do país para os próximos seis meses, ante 17,7% e 30,2% verificados nas pesquisas anteriores e realizadas, respectivamente, no primeiro semestre deste ano e no segundo semestre de 2020. 

“Mesmo com o momento de aparente recuperação econômica e controle mais consistente da pandemia, estes resultados podem ter tido influência pelo descontrole da inflação e incertezas quanto ao cenário eleitoral para 2022”, diz trecho do estudo, que também aponta a necessidade de investimentos públicos para melhorar o cenário econômico: “a despeito dos investimentos privados, há necessidade de retomada de investimentos públicos para recuperação da economia.”  

Por outro lado, o barômetro indica que os empresários reconhecem os avanços do poder público, principalmente a União, para destravar a participação privada e promover o crescimento da infraestrutura, principalmente por meio de concessões e parcerias público-privadas (PPPs).  

Para 48,5% dos entrevistados, o governo federal é quem mais aproveita o potencial de investimentos privados no setor, seguido dos governos estaduais (42,5%) e municipais (15,6%).

Os leilões de aeroportos ocorridos no começo do ano e a renovação de concessões de rodovias federais importantes, como a BR-116 (Via Dutra, que liga as duas capitais mais importantes do país, Rio de Janeiro e São Paulo) podem ter contribuído para essa percepção.  

Para o diretor-executivo para Setor Público e Infraestrutura daEY,Gustavo Gusmão, a agenda de programas de desenvolvimento da infraestrutura no país está bastante consolidada e, apesar do pessimismo dos executivos em relação ao cenário macroeconômico atual, há credibilidade na área de infraestrutura, os projetos são resilientes e os investidores trabalham com uma perspectiva de longo prazo.  

“As discussões, marcos legais e projetos vêm sendo trabalhados desde 2016 de uma maneira bastante consolidada. Por isso, de certa maneira, o pessimismo com a cenário macroeconômico não contamina a agenda de infraestrutura, que, para os investidores, vem sendo bem conduzida pelo Ministério de Infraestrutura”, explica Gusmão.  

O saneamento básico é a área com maior potencial para receber investimentos privados nos próximos três anos, segundo a percepção dos executivos entrevistados no barômetro. Em seguida, vêm as áreas de energia elétrica, ferrovias e rodovias.

Além do novo marco regulatório do saneamento, que incentiva a participação privada, pesam a edição da Medida Provisória que destrava os investimentos no setor ferroviário, que pode receber mais de R$ 80 bilhões em investimentos nos próximos anos.

“Podemos dizer que essas áreas são as grandes apostas para investimentos”, diz Gusmão.