quarta, 24 de abril de 2024
Também vale manter estatais que cairam

"A pancada já foi, agora é aguardar"; especialistas não recomendam venda de ações da Petrobras

22 fevereiro 2021 - 17h11Por Redação SpaceMoney

Após indicação do novo CEO pelo governo Bolsonaro na sexta-feira (19), a Petrobras viu suas ações desvalorizarem em mais de 20% em questão de horas e a perda do seu valor de mercado ultrapassar os R$ 100 bilhões. No final de semana, a XP Investimentos rebaixou as ações de "Neutra" para "Venda". Hoje, ainda pela manhã, bancos do Brasil e do exterior fizeram o mesmo, revisando suas recomendações e preços-alvo para os papéis da petroleira.

O forte tombo e as recentes declarações do presidente sobre outras empresas do setor energético também influenciaran ações de outras estatais, que também perderam valor.

Se ninguém recomenda comprar, o que deve fazer quem já tem dinheiro investido em ações da empresa ou outras estatais?

Pedro Paulo Silveira, Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, recomenda ter visão de longo prazo, paciência e esperar. “A pancada já foi, agora é aguardar. A Petrobras é um dos maiores players do seu mercado e é eficiente naquilo que ela faz: descobrir e extrair petróleo. Por conta da sistemática de preços incerta, o mercado financeiro reagiu e ela já perdeu um quarto do seu valor, mas vai continuar uma empresa rentável e produtiva”, explica Silveira.

Para o economista, interferências como a do presidente Bolsonaro, embora tragam impacto negativo, são comuns. “É uma enorme tentação tentar aparar os efeitos da inflação com as estatais. Os militares faziam isso com os setores de mineração e siderurgia”, destaca. Porém, segundo ele, não há motivo para pânico nem no caso da Petrobras nem no das outras estatais que se desvalorizaram hoje. “Com certeza acontecerá uma grande movimentação dos papéis [da Petrobras]. Muita gente vai sair da posição, mas muitos vão enxergar como oportunidade e comprar”, analisa Pedro.

Visão similar tem Sérgio Brito, da assessoria Ipê Investimentos. Para ele, o investidor pode aproveitar a oportunidade para melhorar a sua posição. “Quem já tem pode comprar mais e, assim, reduzir o custo médio pago por ação lá na frente. Já tivemos situações semelhantes, como o Petrolão no governo Dilma e a greve dos caminhoneiros, mas os papéis sempre voltaram a um valor justo. Não tem porque ser diferente agora”, acredita o assessor de investimentos.