Educação Financeira

Net Asset Value (NAV): o que é e como funciona?

Entenda como o Valor Patrimonial Líquido funciona e por que ele é essencial para avaliar fundos e ETFs

O que é NAV?
Compreenda como o Valor Patrimonial Líquido se tornou métrica essencial para avaliar desempenho e tomar decisões informadas em fundos e ETFs | Crédito: SpaceMoney

Nos últimos anos, a presença de fundos de investimento e ETFs no portfólio de brasileiros cresceu de forma expressiva. Segundo relatório da TrendsCE, até setembro de 2024 o número de investidores em ETFs na B3 subiu 9,4% em relação ao ano anterior. A marca alcançou 556 mil pessoas, enquanto o patrimônio líquido desses fundos avançou 4,3%, totalizando R$ 49 bilhões.

Com esse ritmo de expansão, precificar esses fundos de maneira transparente tornou-se fundamental para escolher as melhores opções. Nesse sentido, o NAV — Valor Patrimonial Líquido — ganha destaque como indicador que revela o valor de cada cota, servindo de base para compra, resgate e comparação entre produtos.

O que é o NAV?

O NAV, sigla de Net Asset Value, constitui o valor líquido total de um fundo. Ele é calculado subtraindo os passivos (como despesas e dívidas) dos ativos (ações, títulos, caixa etc.) e posteriormente dividindo pelo número de cotas em circulação.

Esta métrica aplica-se a fundos abertos (mutual funds), ETFs e também fundos imobiliários no Brasil. Quando um fundo divulga seu patrimônio líquido e quantidade de cotas, está essencialmente revelando seu NAV.

Ele é calculado ao final de cada dia útil, utilizando o preço de fechamento dos ativos do portfólio. Em ETFs, existe ainda uma estimativa de NAV (iNAV) atualizada a cada poucos segundos durante o pregão.

E, diferentemente das ações, cujos preços variam continuamente, os gestores apuram o NAV apenas uma vez ao dia. Entretanto, o preço de mercado de um ETF pode divergir temporariamente do NAV, criando prêmios ou descontos, que os participantes autorizados, teoricamente, corrigem.

Apesar disso, um NAV elevado não indica, isoladamente, bom desempenho. Os investidores devem considerar o retorno total (variação do NAV + proventos distribuídos) para avaliar a performance efetiva de um fundo.

Como calcular o NAV?

A fórmula básica do NAV envolve um cálculo que incorpora toda a lógica de valoração. Soma-se o valor de mercado de cada ativo do fundo, subtraem-se todos os débitos e divide-se pelo total de cotas. A fórmula fica assim:

Esta métrica considera diversos componentes de ativos como títulos públicos, ações, derivativos, caixa e outros investimentos conforme estabelecido no regulamento, sendo cada ativo avaliado pelo preço de mercado de fechamento do dia.

Do lado dos passivos, o cálculo engloba taxas a pagar, despesas administrativas e eventuais comissões. Estes valores são provisionados e deduzidos previamente para se chegar ao valor final do NAV, garantindo assim uma representação precisa do valor líquido disponível para os cotistas.

Na prática, imagine um fundo com R$ 100 milhões em ativos totais e R$ 2 milhões em passivos, por exemplo. Se este fundo tiver 1 milhão de cotas em circulação, o cálculo resultará em um NAV de R$ 98,00 por cota ao final do dia de negociação, como na fórmula a seguir:

Este valor de R$ 98,00 representa exatamente quanto vale cada cota do fundo naquele momento específico, refletindo tanto o desempenho dos ativos quanto o impacto das despesas. É este número que servirá de base para novas compras, resgates e para o acompanhamento da performance do fundo ao longo do tempo.

Para que serve o NAV?

O NAV apresenta três aplicações fundamentais para o investidor:

  1. Preço de emissão e resgate: em fundos abertos, emissões (compra direta de cotas) e resgates ocorrem pelo NAV, assegurando tratamento equitativo a todos os investidores.
  2. Comparação de produtos: ao examinar diversos fundos, o NAV auxilia na avaliação de custos e eficiência, pois reflete o impacto de taxas e desempenhos de ativos subjacentes.
  3. Medição de performance: a evolução do NAV, combinada aos proventos distribuídos, fornece o retorno total do fundo, essencial para comparações com benchmarks ou outros investimentos.

Limitações e cuidados

Vale ressaltar que o NAV possui algumas limitações importantes. Primeiro, ele não incorpora dividendos imediatamente, refletindo proventos apenas após sua apuração diária, o que pode subestimar o valor total efetivamente entregue ao cotista. Característica que deve ser considerada especialmente ao comparar fundos com diferentes políticas de distribuição.

Outro ponto de atenção refere-se à diluição causada por novas emissões. Durante períodos de forte captação, o aporte de cotas em momentos de NAV alto ou baixo pode diluir o valor médio para todos os cotistas anteriores, afetando potencialmente o retorno esperado dos investidores que já faziam parte do fundo.

Por fim, existe também o problema da defasagem em fundos com ativos ilíquidos. Em carteiras que contêm investimentos de baixa liquidez, o NAV pode apresentar desatualização significativa, já que nem sempre há preços de mercado confiáveis e atualizados para todas as posições. Isso torna o indicador menos preciso justamente nos momentos em que a precificação acurada seria mais importante.

Mas e aí, como o NAV me ajuda?

Quando acompanha o NAV diário, você evita surpresas de prêmios ou descontos e consegue comparar fundos com transparência. Assim, fica mais fácil escolher aquele com melhor relação entre risco, retorno e custo, pois o NAV reflete diretamente o impacto das taxas e dos desempenhos dos ativos subjacentes sobre seu patrimônio.

Um NAV alto em um fundo pode indicar valorização dos ativos ou acúmulo de rendimentos não distribuídos. Ao mesmo tempo que também pode significar que as cotas foram menos demandadas no mercado — gerando possibilidade de prêmio ao preço de mercado. Já um NAV baixo pode sinalizar desvalorização dos ativos ou resgates em massa, o que pode danificar a liquidez do fundo e pressionar o preço de mercado para baixo, criando oportunidades de desconto. Em ambos os casos, entender o motivo por trás do movimento do NAV ajuda você a avaliar se vale a pena entrar, sair ou permanecer investido.

Além disso, o NAV é ferramenta fundamental para medir a performance real de um fundo ao longo do tempo. Ao acompanhar a evolução do NAV somado aos proventos distribuídos, você calcula o retorno total e compara com benchmarks ou outros fundos. Dessa forma, consegue ajustar sua alocação de recursos — seja para reforçar posições em fundos com NAV consistente e em tendência de alta, seja para redirecionar capital de produtos com NAV deprimido e perspectivas de recuperação lenta.