Detalhe de um poste com símbolo circular de engrenagens e setas, em primeiro plano, com bandeiras listradas de azul e vermelho e um edifício clássico em segundo plano
A engrenagem do mercado financeiro em movimento: um olhar para a dinâmica de Wall Street enquanto o balanço da Nvidia impacta as negociações

Os índices de Wall Street encerraram a sessão desta terça-feira (19) em alta, interrompendo uma sequência recente de perdas, enquanto investidores ajustaram suas apostas antes da divulgação do balanço da Nvidia (NVDA) e acompanharam novos sinais sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos. O movimento ocorreu em meio a um ambiente de maior cautela no setor de tecnologia e de incertezas sobre a estratégia futura do Federal Reserve.

O Dow Jones subiu 0,16%, aos 48.137,78 pontos, enquanto o S&P 500 avançou 0,41%, aos 4.602,16 pontos. O Nasdaq, apoiado pela reação de empresas de tecnologia, ganhou 0,59%, fechando aos 25.584,62 pontos.

Nvidia puxa expectativas e define o tom do mercado

Investidores operaram em compasso de espera pelos números da Nvidia, que volta ao centro das atenções após o forte crescimento do setor de semicondutores e a demanda por chips ligados à inteligência artificial. Analistas projetam receita da ordem de US$ 48 bilhões, impulsionada pelo segmento de data centers — principal motor dos resultados recentes da companhia.

O desempenho da Nvidia tende a influenciar diretamente a inclinação das ações de tecnologia e do Nasdaq, dada a representatividade da empresa no índice. Qualquer surpresa nos números pode alterar o humor do mercado global.

Juros nos EUA dividem as apostas

Além do setor corporativo, os investidores monitoraram novos indícios sobre o ritmo da política monetária. A ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), publicada hoje, não trouxe sinais de cortes iminentes, reforçando o discurso de que a inflação ainda exige atenção.

O documento reiterou que alguns membros defendem a manutenção dos juros por mais tempo, enquanto outros reconhecem risco de aperto excessivo caso a atividade econômica perca força. A percepção diverge justamente porque os indicadores recentes traçam um quadro de resiliência, mas ainda com pressões relevantes.

O economista André Valério destacou que o mercado de trabalho segue peça central nas projeções do Fed, embora já mostre desaceleração gradual. A combinação entre inflação mais branda e atividade ainda sólida dificulta antecipar qualquer mudança rápida nas taxas.

Apostas para cortes recuam após ata

Com a ata, as probabilidades de corte de juros na próxima reunião, segundo o FedWatch do CME Group, diminuíram. As chances de redução de 0,25 ponto percentual caíram para 40%, ante cerca de 66% no mês anterior, reforçando a leitura de que o ciclo de afrouxamento monetário pode começar mais tarde que o previsto.

Apesar disso, parte dos investidores ainda acredita em flexibilização até o fim do ano, dependendo do comportamento da inflação e dos próximos dados de emprego.

Indicadores e agenda econômica

O mercado também repercutiu números atrasados do chamado “shutdown” estatístico nos EUA. O relatório de emprego (payroll) de setembro deve ser divulgado nesta quarta-feira (20), após adiamentos decorrentes das limitações operacionais.

A divulgação será determinante para calibrar as expectativas sobre o Fed nas reuniões de dezembro e do primeiro trimestre de 2026.