O Real opera com volatilidade implícita deprimida, próxima das mínimas multianuais. O diferencial de juros do Brasil permanece entre os mais elevados do mundo. Essa combinação reaquece as estratégias de carry trade no país. A fim de sustentar esta tendência, o Brasil mantém a Selic em 15% ao ano. Além disso, conta com um colchão de reservas acima de US$ 340 bilhões. Esses fatores reforçam a percepção de estabilidade e ajudam a mitigar choques externos.
Em outras palavras, o carry trade remunera o investidor que capta em moedas de juro baixo e aplica em ativos locais de juro alto, desde que a volatilidade permaneça contida. A fraqueza recente do dólar como moeda de funding reanimou essas apostas em emergentes. Por isso, o real figura entre as divisas preferidas por gestores, apesar do histórico de maior oscilação. Ainda assim, com a volatilidade implícita em queda, o apetite tende a se manter.
A decisão do Banco Central, no fim de julho, interrompeu o ciclo de alta e manteve a Selic em 15%. Essa medida consolida uma política monetária restritiva que sustenta o carry em 2025. Integrantes do governo e da autoridade monetária reconhecem o impacto dos juros elevados na atividade. No entanto, apontam que a postura firme ancora expectativas e ajuda a reduzir prêmios de risco — condição necessária para a continuidade do fluxo.
Além disso, o Brasil conta com reservas internacionais de US$ 344,4 bilhões em junho. Este valor amplia a capacidade de resposta a estresses e melhora a percepção de liquidez. No mercado, a profundidade de derivativos listados, como futuros e opções de real, também contribui para eficiência de hedge e formação de preço.
Por outro lado, tensões políticas domésticas e incertezas sobre comércio global seguem no radar. A princípio, a volatilidade de curto prazo do dólar/real permanece baixa. Isso favorece a continuidade do carry enquanto não houver choque que reprecifique risco.
Real: o que monitorar para o carry seguir atrativo
A volatilidade implícita do par USD/BRL, conforme a superfície de opções, está comprimida. Sem dúvida, quedas adicionais tenderiam a reforçar o apelo do carry. Em contraste com isso, em caso de repique de volatilidade, a relação risco-retorno se deteriora rapidamente.
Além disso, o diferencial de juros continua determinante. A manutenção da Selic em patamar elevado e o dólar fraco como moeda de funding sustentam a estratégia. Por conseguinte, mudanças nesses vetores podem reduzir o prêmio.
Por fim, as reservas elevadas e o fluxo estrangeiro serão termômetros da confiança. Entradas consistentes reforçam a liquidez e ajudam a conter a volatilidade. Em contrapartida, saídas abruptas podem exigir mais prêmio para o risco Brasil.