O ouro registrou nesta terça-feira (21) sua maior queda em 12 anos, com recuo intradiário de até 6,3%, para US$ 4.082,03 a onça, segundo dados da Bloomberg. A prata também sofreu forte correção, caindo 8,7%, para US$ 47,89 a onça, após semanas de valorização recorde.
A movimentação ocorreu em meio a realização de lucros, fortalecimento do dólar e menor demanda por proteção cambial, após avanços nas negociações comerciais entre China e Estados Unidos.
Segundo analistas, parte dos investidores reduziu posições especulativas depois do rali recente, que havia levado o ouro a nove semanas consecutivas de alta.
Mercado ajusta expectativas
A demanda por metais preciosos como porto seguro caiu após a sinalização de um possível acordo comercial entre Pequim e Washington. O índice de força relativa (RSI) do ouro indicava sobrecompra, o que também incentivou vendas.
“O mercado passou semanas em euforia, e agora vive um processo de consolidação”, afirmou Ole Hansen, estrategista do Saxo Bank, à Bloomberg. Segundo ele, “é durante as correções que a verdadeira força do mercado aparece”.
Nos Estados Unidos, a paralisação do governo reduziu a visibilidade sobre as posições especulativas, já que a Comissão de Futuros de Commodities (CFTC) suspendeu a divulgação de seu relatório semanal. Isso ampliou a volatilidade e levou traders a desmontar posições compradas em ouro e prata.
ETF continua sendo a melhor porta de entrada
Apesar do ajuste brusco nos contratos à vista, especialistas destacam que o investidor individual não precisa buscar o ouro físico nem tentar prever o topo ou o fundo.
A forma mais eficiente de se expor ao metal é por meio de ETFs, que replicam o desempenho do ativo com liquidez e transparência — conceito amplamente defendido por John Bogle, criador do primeiro fundo de índice e autor de O Investidor de Bom Senso.
De acordo com Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF, a estratégia de exposição via fundos listados permite capturar o movimento do ouro com controle de risco e disciplina operacional:
“A melhor forma de se posicionar no ouro não é tentando adivinhar o topo ou o fundo, mas sim através de veículos eficientes e líquidos como os ETFs.
No caso dos nossos alunos, estamos expostos ao ETF BIAU39, da BlackRock, com entrada em R$ 91,87 e cotação atual em R$ 104,86, o que representa cerca de 14% de valorização desde 22 de setembro.
Já no AURO11, da Buena Vista, que utiliza a estratégia de Covered Call, nossa entrada foi a R$ 101,69 e o stop foi acionado em R$ 108,64, com ganho próximo de 7% no mesmo período.
Ambos os movimentos seguem rigorosamente a metodologia do Super ETF, que prioriza disciplina e gestão ativa de risco”, explica Fábio Murad.
Disciplina e gestão de risco
Murad lembra que a diversificação global é essencial para suavizar a volatilidade e capturar oportunidades fora do mercado doméstico. O investidor que opera ETFs de metais preciosos em dólar combina proteção cambial com potencial de ganho real, sem depender do câmbio local.
Segundo ele, o segredo está em “tratar o ouro como um componente estratégico de proteção, e não como aposta de curto prazo”. Essa filosofia reflete a visão de John Bogle, para quem o sucesso nos investimentos depende de custos baixos, paciência e exposição inteligente ao mercado global.
Volatilidade não assusta investidores de longo prazo
Mesmo após a correção, os principais ETFs de ouro seguem com desempenho positivo em 2025, sustentados por compras institucionais e incertezas geopolíticas.
Enquanto traders realizam lucros, investidores de longo prazo continuam acumulando posições como forma de hedge contra inflação e crises fiscais.
Murad resume:
“O ouro cumpre seu papel de proteção quando olhamos para o portfólio completo. A correção é parte natural do ciclo — e quem investe com método, via ETFs, atravessa essas fases com tranquilidade.”
A maior queda do ouro em mais de uma década reforça o princípio de que previsão não é estratégia. Como ensinou John Bogle, “o investidor de bom senso não tenta vencer o mercado, mas permanecer nele com disciplina e custos baixos”. Os ETFs permitem exatamente isso — exposição global, simplicidade e rentabilidade consistente no longo prazo.