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Mercado de alta renda no Brasil enfrenta desafios de consolidação patrimonial com avanço da taxação sobre grandes fortunas

Fragmentação de ativos e novas regras fiscais elevam complexidade da gestão patrimonial, segundo Fábio Murad, do Super ETF

São Paulo / Brasil / Faria Lima
Consolidação patrimonial desafia o mercado de alta renda com avanço da tributação sobre grandes fortunas no Brasil | Crédito: Reprodução

A gestão patrimonial no Brasil, voltada para o segmento de alta renda, passa por um momento de transição desafiador. A fragmentação dos investimentos entre bancos, corretoras, criptoativos, imóveis e ativos offshore tem dificultado uma visão consolidada do portfólio, comprometendo a eficiência das decisões financeiras e o planejamento de longo prazo. A iminente votação no Congresso da nova proposta de tributação progressiva sobre grandes fortunas intensifica ainda mais esse cenário.

De acordo com Fábio Murad, fundador da SpaceMoney e criador do Super ETF, a consolidação patrimonial nunca foi tão crucial. “O novo ambiente fiscal impõe uma pressão inédita sobre investidores de alta renda, que precisam reavaliar estratégias para manter a eficiência e conformidade”, destaca. A dispersão dos ativos, somada à ausência de integração entre plataformas, dificulta a leitura clara da performance e aumenta os riscos de decisões isoladas.

O Projeto de Lei Complementar nº 1.087/2025 prevê a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), com alíquotas entre 0,5% e 1,5%, além da taxação progressiva sobre rendas anuais superiores a R$ 600 mil. “Essa proposta avança rapidamente e deve afetar cerca de 100 mil contribuintes, exigindo que estruturas tradicionais de wealth management se adaptem com agilidade”, afirma Murad. Ele também lembra que a MP nº 1.171/2024 já havia iniciado esse movimento ao tributar rendimentos no exterior e antecipar o ‘come-cotas’ para fundos exclusivos.

Murad observa que o aumento da complexidade tributária também pode acelerar a migração de capitais para estruturas offshore. Contudo, ele alerta que a eficácia fiscal dessas estruturas pode ser limitada sem uma gestão integrada. “O investidor precisa enxergar o todo. Ativos fora do radar comprometem o planejamento sucessório e aumentam a exposição ao risco regulatório”, finaliza.

Consolidação patrimonial exige novas soluções em meio à tributação de grandes fortunas

Com a expectativa de aprovação da nova legislação fiscal em agosto, a gestão patrimonial brasileira entra em uma fase decisiva. Fábio Murad ressalta que esse momento exige preparo técnico, visão estratégica e adoção rápida de ferramentas digitais que permitam unir performance, compliance e governança em uma só estrutura.

Segundo ele, os investidores devem buscar maior transparência e controle sobre seus ativos, independentemente do tipo ou localização. “Um sistema integrado que capte a realidade financeira em tempo real se torna essencial para decisões mais seguras e otimizadas”, diz Murad.

Por fim, ele acredita que o mercado de alta renda brasileiro passa por uma transformação estrutural, em que o sucesso estará condicionado à capacidade de adaptação. “A consolidação patrimonial não é apenas uma questão de eficiência — é uma exigência para sobreviver a um novo ciclo econômico e regulatório”, conclui.