Economia Brasileira em Foco

PIB do Brasil cresce 0,4% no segundo trimestre de 2025 impulsionado por serviços

PIB do Brasil cresce 0,4% no segundo trimestre de 2025, impulsionado por serviços e consumo, superando as expectativas.

Bandeira do Brasil tremulando com céu azul e sol. Símbolo do crescimento do PIB brasileiro.
A bandeira do Brasil tremula em meio a um cenário de crescimento econômico impulsionado por serviços e consumo. (Fonte: Canva)

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil registrou um crescimento de 0,4% no segundo trimestre de 2025 (2T25), superando as expectativas do mercado. O resultado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o valor total do PIB atingiu R$ 3,2 trilhões em valores correntes. A alta, no entanto, foi considerada uma desaceleração, um efeito esperado da política monetária restritiva, ou seja, da alta nas taxas de juros.

A expansão de 0,4% superou a projeção da Reuters, que era de 0,3%. Apesar disso, o crescimento anual, que era esperado em 2,2%, marca o início de uma desaceleração econômica já prevista, influenciada pelas altas taxas de juros que dificultam o acesso ao crédito.

Setores em destaque: serviços e indústria salvam o trimestre

Pela ótica da oferta, o crescimento do PIB foi sustentado principalmente pelos setores de Serviços e Indústria.

  • Serviços: O setor de serviços foi o grande motor da alta, com um crescimento de 0,6%. Houve altas notáveis em atividades financeiras e de seguros (2,1%), informação e comunicação (1,2%), transporte (1,0%) e atividades imobiliárias (0,3%). A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, explica que esse setor é menos impactado pelas políticas de juros altos e foi impulsionado pelo desenvolvimento de software e transporte de passageiros. Por outro lado, o Comércio ficou estável (0%) e a Administração pública teve variação negativa de 0,4%.
  • Indústria: A indústria cresceu 0,5%. O destaque positivo foi o setor de Indústrias Extrativas, que teve um avanço de 5,4%. Contudo, outras áreas apresentaram retração, como Eletricidade e gás (-2,7%), Indústrias de Transformação (-0,5%) e Construção (-0,2%). Segundo Rebeca Palis, a queda nestes últimos dois segmentos se deve à dependência de crédito, que é afetada pela alta de juros.

Apesar do desempenho positivo dos serviços e da indústria, a Agropecuária teve uma variação negativa de 0,1%.

Consumo e o setor externo sustentam a demanda

Analisando o PIB pela ótica da demanda, a alta foi sustentada pelo Consumo das Famílias e pelo Setor Externo.

  • Consumo das Famílias: O consumo das famílias cresceu 0,5%. Esse crescimento foi favorecido pelo aumento dos salários reais e pela manutenção dos programas governamentais de transferência de renda.
  • Setor Externo: As exportações de bens e serviços subiram 0,7%, contribuindo para o resultado positivo do PIB. Rebeca Palis, do IBGE, afirma que a exportação de commodities agrícolas e da indústria extrativa tem sido benéfica para a economia. Em contrapartida, as importações caíram 2,9% no trimestre.

O consumo do governo e os investimentos, por outro lado, apresentaram quedas de 0,6% e 2,2%, respectivamente.


Um olhar macroeconômico sobre os dados

A variação positiva de 0,4% na comparação trimestral, embora tenha superado a expectativa, sinaliza a desaceleração esperada da economia. A política monetária restritiva, com a alta dos juros iniciada em setembro do ano passado, impactou atividades que dependem de crédito, como Construção e Indústrias de Transformação. A queda nos investimentos, por exemplo, pode ser explicada em parte por esses efeitos negativos na produção de bens de capital.

Em valores correntes, a maior parte do PIB de R$ 3,2 trilhões veio de Valor Adicionado a preços básicos (R$ 2,7 trilhões), enquanto R$ 431,7 bilhões foram de Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. O PIB per capita, portanto, continua a ser afetado por esses movimentos e pela desvalorização estrutural do real, tornando a busca por investimentos em moeda forte uma prioridade para muitos investidores.