O diretor do Federal Reserve (Fed), Stephen Miran, afirmou nesta quinta-feira (16) que o corte ideal na taxa de juros dos Estados Unidos deveria ser de 0,50 ponto percentual, mas que a autoridade monetária deve optar por uma redução menor, de 0,25 ponto, em sua próxima reunião.
Em entrevista à Fox Business, Miran destacou que a resiliência da economia americana e o ritmo de crescimento projetado para 2026 dependerão tanto da política monetária quanto da evolução das tensões comerciais entre EUA e China.
“Os juros precisam ser ajustados rapidamente para um nível apropriado, capaz de sustentar a economia sem gerar pressões inflacionárias”, afirmou.
Crescimento projetado e cautela no ajuste
Miran prevê um crescimento do PIB de cerca de 2% em 2025, com manutenção da atividade no próximo ano, desde que o ambiente externo se estabilize. Ele ponderou, no entanto, que a política monetária atual está excessivamente restritiva, e que o nível neutro dos juros pode ter caído após mudanças nas políticas de imigração e avanços tecnológicos.
O dirigente também defendeu uma pausa na redução do balanço patrimonial do Fed, até que novas regras bancárias sejam aprovadas. “O tamanho do balanço precisa ser compatível com o tamanho do sistema financeiro. Essa relação ainda não está clara”, disse.
Inteligência artificial e produtividade
Segundo Miran, a inteligência artificial (IA) tem potencial para impulsionar a produtividade e a eficiência da economia norte-americana, especialmente nos setores de tecnologia e infraestrutura de dados.
“Cada emprego eliminado pela IA pode criar novos em outras áreas. É cedo para mensurar o impacto total, mas o saldo tende a ser positivo”, afirmou.
Especialistas veem na IA um dos fatores que podem sustentar o crescimento dos EUA sem pressionar a inflação, ao mesmo tempo em que aumentam os ganhos de produtividade em indústrias estratégicas.
Contexto global e impacto para investidores
A possibilidade de um corte de juros menor indica uma abordagem conservadora do Fed diante das incertezas geopolíticas e fiscais. Para Fábio Murad, CEO da SpaceMoney e criador do método Super ETF, a postura reflete “o desafio de equilibrar estímulo econômico e controle inflacionário sem comprometer a confiança global no dólar”.
“Em um cenário de juros em queda, investidores devem olhar para ETFs globais e setores de tecnologia, que tendem a se valorizar com maior liquidez e retomada de crédito”, explica Murad.
A visão é compatível com os ensinamentos de John Bogle, fundador da Vanguard e autor de O investidor de bom senso. Bogle defendia que o investidor de longo prazo deve priorizar consistência e diversificação, evitando decisões baseadas em movimentos de curto prazo.
Perspectiva
Com o mercado apostando em uma redução de 0,25 ponto percentual, a decisão do Fed será acompanhada de perto por analistas em todo o mundo. Um corte mais expressivo, de 0,50 p.p., poderia indicar maior preocupação com desaceleração da economia, enquanto uma decisão menor reforçaria a postura de prudência da instituição.
Independentemente do tamanho do ajuste, Miran ressaltou que a prioridade do Fed continua sendo garantir estabilidade e previsibilidade, elementos essenciais para sustentar o crescimento de médio e longo prazo.