Banco Central mantém a Selic em 15% e provoca queda do Ibovespa.
Reunião do Copom mantém a Selic em 15% e freia o otimismo na Bolsa. (Imagem: Gemini Pro)

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano, interrompendo o ciclo de cortes que parte do mercado esperava para o fim do ano. A decisão não surpreendeu, mas o tom do comunicado do Banco Central esfriou o ânimo dos investidores.

O BC sinalizou que os juros devem permanecer altos por um período prolongado, afastando as apostas de redução já em dezembro. Com isso, os analistas agora falam em um possível corte apenas em março de 2026, ainda sem consenso sobre o ritmo.

Ibovespa pode viver um dia de “ressaca”

Depois de 11 pregões consecutivos de alta e recordes renovados, o Ibovespa pode enfim respirar. A expectativa é de um dia de realização de lucros, já que os juros futuros devem subir com o novo tom do Copom.

Segundo analistas de mercado, o comportamento deve ser de cautela: investidores aproveitam os ganhos recentes enquanto ajustam as projeções para 2026. “A tendência é de um dia negativo, com a Bolsa devolvendo parte das altas”, avaliam corretoras ouvidas pelo mercado.

Na véspera, o índice fechou em alta de 1,72%, aos 153.294 pontos, novo recorde histórico. O dólar encerrou o pregão em queda de 0,69%, a R$ 5,36.

Temporada de balanços e política entram no radar

Enquanto o mercado absorve o impacto da decisão do BC, a temporada de balanços do terceiro trimestre segue movimentando a Bolsa. Grandes empresas como Petrobras, Magazine Luiza, Suzano e Lojas Renner divulgam resultados que podem gerar volatilidade nos próximos dias.

No cenário político, o Senado aprovou o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, criando também uma taxação mínima para rendas mais altas. O texto segue agora para sanção presidencial e pode influenciar expectativas fiscais.

Cenário externo também pesa

Lá fora, os investidores acompanham com atenção a audiência na Suprema Corte dos Estados Unidos sobre a legalidade do “tarifaço” do governo Trump, medida que pode afetar o comércio global. A expectativa ainda recai sobre a assembleia da Tesla, que discute o pacote bilionário de remuneração de Elon Musk.

As bolsas asiáticas fecharam em alta, mas Europa e Nova York abriram sem direção definida, refletindo o clima de incerteza. O petróleo sobe levemente, enquanto o bitcoin (BTC) é negociado em torno de US$ 102 mil, com alta próxima de 0,8%.

O que esperar da Bolsa agora

Após uma sequência de recordes, o mercado pode entrar em modo de correção saudável. A manutenção da Selic em 15% reforça a percepção de que o Banco Central prioriza o controle da inflação, mesmo com o crescimento ainda fraco.

Especialistas destacam que o ambiente ainda é de juros altos e seletividade, favorecendo empresas sólidas e setores defensivos. Já o investidor de longo prazo deve manter a disciplina e evitar movimentos impulsivos diante das oscilações de curto prazo.