
A inflação ao consumidor nos Estados Unidos perdeu força em novembro e ficou abaixo das projeções do mercado, reforçando sinais de arrefecimento dos preços na maior economia do mundo.
De acordo com relatório oficial divulgado pelo governo norte-americano, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 2,7% em novembro na comparação anual, abaixo dos 3% registrados em setembro.
O dado foi divulgado com atraso e veio em linha com a leitura de desaceleração observada nos últimos meses, ainda que a inflação siga acima do nível considerado confortável pelas autoridades monetárias.
Núcleo da inflação também perde força
Ao excluir itens mais voláteis, como alimentos e energia, o chamado núcleo da inflação apresentou alta anual de 2,6%, sinalizando um movimento mais amplo de moderação dos preços.
Mesmo com a desaceleração, o custo de vida segue pressionando o orçamento das famílias americanas. A inflação, embora distante dos picos observados em 2022, continua sendo um dos principais fatores de insatisfação da população com a economia.
Tarifas e preços seguem no radar
Parte dessa pressão está ligada às novas tarifas de importação adotadas pelos Estados Unidos ao longo do ano. Algumas empresas já repassaram os custos adicionais aos consumidores, enquanto outras aguardam maior clareza sobre o ambiente tarifário antes de ajustar preços.
Economistas alertam que o início do ano costuma ser um período sensível para reajustes, o que pode provocar novas pressões inflacionárias nos próximos meses, especialmente em bens e serviços mais expostos a custos de importação.
Serviços preocupam formuladores de política econômica
Outro ponto de atenção está no setor de serviços, que inclui despesas como seguros, passagens aéreas, cuidados pessoais e serviços domésticos. Analistas observam que o aumento de custos nesse segmento pode se tornar mais persistente, dificultando o controle da inflação no médio prazo.
Para formuladores de política monetária, o maior risco é a ancoragem das expectativas inflacionárias. Caso consumidores e empresas passem a acreditar que os preços continuarão subindo de forma consistente, o processo inflacionário tende a se retroalimentar e se tornar mais difícil de conter.
Impacto para o Federal Reserve
O índice de preços ao consumidor é uma das principais referências para o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos. Parte dos componentes do CPI também influencia o indicador de inflação acompanhado de forma prioritária pela autoridade monetária, o PCE (Personal Consumption Expenditures).
Com a inflação ainda acima da meta, mas em trajetória de desaceleração, o Fed segue avaliando os próximos passos da política de juros, em um ambiente que exige cautela diante dos riscos fiscais, comerciais e do comportamento do consumo.