
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos apresentou uma contração de 0,3% no primeiro trimestre de 2025. Os dados são do Departamento de Comércio nesta quarta-feira, 30 de abril. Este resultado marca a primeira retração econômica do país em três anos e contrasta com o crescimento de 2,4% registrado no último trimestre de 2024, ainda sob a administração de Joe Biden.
Em primeiro lugar o aumento expressivo das importações, que cresceram 41,3% no período, causou a queda do PIB dos EUA. As empresas impulsionaram esse movimento ao antecipar compras para evitar os impactos das novas tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump. Elas incluem um imposto-base de 10% sobre a maioria dos produtos importados, juntamente com tarifas superiores a 145% sobre bens chineses.
Apesar de o consumo privado ter crescido 1,8% no trimestre, esse desempenho representa uma desaceleração em relação aos 4% observados no período anterior. Além disso, o aumento das importações e a estagnação das exportações contribuíram negativamente para o PIB. Com o comércio líquido subtraindo mais de cinco pontos percentuais do crescimento econômico.
O presidente Trump, por sua vez, atribuiu a responsabilidade pela contração econômica ao que chamou de “Biden Overhang“. Ele alegou que os números negativos são herança da administração anterior e que sua política tarifária ainda não teve tempo de produzir efeitos positivos.
Em declaração, Trump afirmou:
“Tarifas começarão a surtir efeito em breve, e empresas estão se mudando para os EUA em números recordes. Nosso país vai prosperar, mas precisamos nos livrar do ‘Biden Overhang‘”.
Em segundo lugar, o mercado financeiro respondeu negativamente aos dados, com o Dow Jones caindo mais de 400 pontos. O Nasdaq recuou 2,4% nas primeiras horas de negociação. Grandes empresas como GM, Delta Air Lines e UPS retiraram suas projeções financeiras.
Enquanto isso, analistas alertam para o risco de “estagflação” – estagnação econômica combinada com inflação alta.
O Federal Reserve, mantendo as taxas entre 4,25% e 4,50%, busca equilibrar o controle inflacionário com o crescimento, enquanto o governo Trump enfrenta pressões crescentes para ajustar suas políticas econômicas e restaurar a estabilidade, especialmente considerando que a guerra comercial e as reações internacionais serão cruciais para o desempenho econômico futuro.
Como isso impacta o Brasil?
Por fim, a retração do PIB dos EUA tem efeitos diretos e indiretos sobre o Brasil. Setores exportadores brasileiros, especialmente o siderúrgico, enfrentam desafios significativos. As tarifas de 25% impostas pelos EUA sobre o aço e alumínio podem resultar em uma perda de até US$ 1,5 bilhão nas exportações brasileiras, representando uma redução de 11,27% nas vendas externas do setor e uma queda de 2,19% na produção nacional.
Além disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo a previsão de crescimento do PIB brasileiro para 2,0% em 2025, citando os efeitos da guerra comercial e a desaceleração global.
Por outro lado, a desaceleração econômica nos EUA pode abrir oportunidades para o Brasil. Com a possibilidade de o Federal Reserve reduzir as taxas de juros para estimular a economia, investidores podem buscar mercados emergentes com retornos mais atrativos, como o Brasil.