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IPCA de julho surpreende para baixo: 0,26%; inflação em 12 meses recua a 5,23%

Leitura abaixo do consenso reforça desinflação e reabre debate sobre cortes de juros

IPCA de julho
Índice de Preços ao Consumidor Amplo aponta desaceleração da inflação em julho, aliviando tensões econômicas e pressionando pela redução dos juros | Crédito: Unsplash

O IPCA subiu 0,26% em julho, abaixo do consenso de mercado, e a inflação em 12 meses recuou para 5,23%, informou o IBGE nesta terça-feira (12). A mediana das projeções apontava algo em torno de 0,35%, com teto de 0,39%. Em suma, o dado veio melhor que o esperado e sustenta a leitura de desinflação gradual.

A taxa mensal ficou ligeiramente acima da de junho (0,24%), mas abaixo do que estimavam as casas. Na comparação interanual, o índice desacelerou de 5,35% para 5,23%. O alívio veio sobretudo de alimentos e bebidas, enquanto habitação, com destaque para energia elétrica, pressionou o índice no mês.

A surpresa benigna tende a reduzir prêmios na curva de juros e a aliviar o câmbio, ainda que o efeito de curto prazo dependa do comportamento dos núcleos e de serviços nas próximas leituras. Em outras palavras, a fotografia de julho melhora o balanço de riscos, mas não encerra a discussão sobre persistência inflacionária.

No pano de fundo, o Banco Central mantém a Selic em 15% e tem sinalizado postura restritiva por mais tempo para garantir a convergência das expectativas — mensagem reiterada por autoridades e monitorada pelo mercado. Assim sendo, novos passos dependerão da qualidade dos dados vindouros.

Em resumo, o IPCA de julho corrobora a tendência de perda de fôlego da inflação e reacende o debate sobre quando e como o BC poderá iniciar cortes. Até lá, a trajetória dos núcleos, a dinâmica de energia e o comportamento do câmbio seguirão no centro do radar.

O que observar a partir de agora

Em primeiro lugar, os núcleos. Se medidas subjacentes seguirem arrefecendo, aumenta a confiança na desinflação e, por consequência, a discussão sobre afrouxamento à frente. Caso contrário, a leitura “benigna” perde tração.

Em segundo lugar, itens voláteis. Choques em energia e alimentos podem reverter parte do alívio. Monitorar bandeiras tarifárias, clima e safras ajuda a antecipar pressões temporárias.

Por fim, a comunicação do BC. A sinalização de política monetária seguirá condicionada aos dados. Se a sequência de leituras surpreender para baixo, o mercado tenderá a adiantar apostas de corte; se vier acima, mantém-se o viés contracionista por mais tempo.