
O índice de preços de gastos com consumo (PCE), principal indicador de inflação dos EUA, monitorado pelo Federal Reserve (Fed), registrou estabilidade em março de 2025, com variação mensal de 0,0% e alta de 2,3% nos últimos 12 meses — o menor nível desde outubro de 2024.
O núcleo do PCE, que exclui os voláteis preços de alimentos e energia, também ficou estável no mês. Acumulando alta de 2,6% em 12 meses, ainda acima da meta de 2% do Fed.
A desaceleração da inflação dos EUA ocorreu antes da implementação das novas tarifas comerciais anunciadas pelo presidente Donald Trump em abril. Dentre elas estão um imposto-base de 10% sobre a maioria dos produtos importados e tarifas superiores a 145% sobre bens chineses.
Fábio Murad, sócio-diretor da Ipê Investimentos, entende que essas medidas podem elevar os preços ao consumidor nos próximos meses, à medida que os custos adicionais são repassados.
Apesar da inflação moderada, o consumo pessoal nos EUA cresceu 0,7% em março, superando as expectativas. Murad sugere que esse aumento pode refletir compras antecipadas por parte dos consumidores, visando evitar os efeitos das tarifas recém-anunciadas.
O Fed enfrenta o desafio de equilibrar o controle da inflação com o estímulo ao crescimento econômico, especialmente diante da recente contração de 0,3% no PIB do primeiro trimestre de 2025. A estabilidade dos preços em março pode oferecer espaço para ajustes na política monetária, mas as incertezas relacionadas às tarifas e seus impactos futuros mantêm o cenário econômico sob cautela.
Impactos no Brasil
Por fim, a desaceleração da inflação nos EUA pode influenciar positivamente o Brasil, ao reduzir a pressão sobre o dólar e atrair fluxos de capitais para mercados emergentes. Isso pode fortalecer o real e conter a inflação doméstica.
Por outro lado, as novas tarifas impostas pelos EUA podem afetar negativamente as exportações brasileiras. Especialmente nos setores de aço e alumínio, que enfrentam tarifas de 25%. Além disso, a desaceleração econômica nos EUA pode reduzir a demanda por produtos brasileiros, impactando negativamente o crescimento do PIB nacional.
O Banco Central do Brasil monitora atentamente esses desdobramentos, considerando os efeitos potenciais sobre a inflação e o crescimento econômico doméstico.